A Bíblia fala que a edificação é mútua. O cuidado mútuo é importante para nós, por desencadear o nosso crescimento. Isso acontece por meio de expressões, como o pastoreio, o aconselhamento, a mentoria e o discipulado” – Ilaene Schüller
No encerramento da Flic, 02 de setembro a missionária Ilaene Schüler abordou o tema, “Cuidado mútuo: um caminho para a maturidade da igreja”.
Ilaene compartilhou o que tem sido o movimento de mobilização de pastores e líderes de igrejas na área do cuidado, dentro da perspectiva de que relacionamentos  saudáveis, de fato promovem o crescimento da igreja.
A missionária discorreu sobre a importância do processo de maturidade cristã, desde a conversão de uma pessoa que, ajustando sua mente (Rm 12:2) troca suas crenças falsas construídas ao longo da sua vida, pelas verdades de Deus num contexto de relacionamento com pessoas que caminham juntas em amor, encorajamento, oração e ministração na condução à maturidade cristã.
É importante que a igreja pense em processos de maturidade individuais, considerando a maturidade do Corpo de Cristo, ambos estão interligados. O que liga uma pessoa a outra no corpo de cristo é a vida de Deus em nós. Diante do inexorável fato de que “a vida divina é um elo inquebrável que liga todos os crentes ao Corpo de Cristo”, a igreja precisa ser entendida como um organismo vivo, onde os relacionamentos devem fazer com que uma pessoa leve outra ao crescimento.

Características nas relações de ajuda que favorecem o processo de crescimento das pessoas:

  • Consciência da necessidade de cuidado para avida: ninguém muda ninguém. É preciso que a pessoa tenha consciência de que precisa ser ajudada. Um mentor neste processo é importante.
  • Relacionamentos de confiança: alguém que se conecte com outro e construa relacionamentos de confiança, investindo tempo para estarem juntos.
  • Superação da vergonha de se expor: falando de lutas e limitações. A vergonha é o medo da desconexão, ou seja, há algo sobre mim que se alguém vir ou souber, fará com que eu não mereça a conexão ou sua amizade, para que haja relacionamentos de intimidade, temos de nos permitir ser vistos.
  • Acompanhamento por meio de um espaço de prestação de contas com foco em relacionamento. Expressão de importar-se com o outro.

É preciso ter consciência de que algumas características nas relações de ajuda dificultam o processo de crescimento das pessoas:

  • Cultura de encontros somente para ensino teológico: não preciso falar de mim se estou falando de uma teologia.
  • Cultura de não sermos suficientes. Vivemos em uma cultura onde parece que nunca conseguimos ser bons o bastante como pessoas, e não podemos mostrar que estamos nos empenhando em sermos melhores. Todos esperam que sejamos perfeitos É libertador entender que podemos ser nós mesmos, entender quem devemos ser, o que devemos ser e como devemos ser. Isso é uma descoberta que podemos fazer como filhos amados de Deus.

Um grupo de cuidado mútuo é um lugar fantástico onde existe ajuda para estas descobertas. É neste ambiente de graça e aceitação que expressamos as vulnerabilidades que nos causam vergonha.

Disfunções nos relacionamentos

Muitas pessoas que estão envolvidas em relacionamentos de cuidado têm uma habilidade fantástica para cuidar. A disfunção acontece quando saímos da habilidade de cuidar e entramos num processo de “salvar” a outra pessoa. Sair do papel de cuidador para o de salvador.
Um exemplo disso é quando acabamos por fazer mais pela outra pessoa, quando é ela quem devia fazer por si mesma. Isso desqualifica o outro em sua capacidade de comprometer-se com seu próprio processo, levando-o a um relacionamento não saudável de ajuda, mas de dependência do outro. Um exemplo disso é quando fazemos pelas pessoas sem perguntar se elas querem a nossa ajuda. Decidimos por ela o que elas precisam.

Então, toda ajuda é bem-vinda?

É bem-vinda quando:

  • Estou consciente de que preciso dela;
  • Desejo receber ajuda;
  • Estou comprometido com o processo;
  • Contribui de forma saudável para meu crescimento.