Cerca de duas décadas atrás, percebi que muitos dos meus contemporâneos começavam a deixar de acreditar na Igreja, como instituição. Alguns diziam: “a Igreja está fadada à falência”; outros afirmavam: “a Igreja, como instituição, não vai durar muito tempo”. Certamente, as feridas foram muitas, dolorosas, e difíceis de curar.
Desde então, tenho refletido em como cultivar meu encantamento pela igreja local, não tanto como refutação, mas para não cair de ponta-cabeça no “inferno” do pessimismo. Assim, apesar de tudo, tenho esperança. E demonstro isso, investindo em pastores e lideres, no sentido de serem melhores servidores da Igreja, agência do Reino de Deus, centrada na fé em Jesus, reunida em torno da Sua Palavra e sempre vivificada pelo Espírito Santo.
Em 2012, foi lançado no Brasil o livro do teólogo católico Hans Küng, A Igreja tem Salvação? “Diante da presente situação, não posso calar com responsabilidade”, diz Küng. A Igreja Católica está doente, talvez doente de morte. Retrógrada, fixada no elemento masculino, eurocentrada e arrogando-se detentora da única verdade: assim se posiciona a igreja Católica e, se continuar assim, ela não vai sobreviver. Essa é a síntese do pensamento de Küng.
Em relação à Igreja evangélica brasileira, eu não tenho o mesmo olhar pessimista, como Hans Küng em relação à sua igreja. Apesar de tudo, cultivo uma imagem nobre demais para ter algum temor de que ela não vá sobreviver. É óbvio que existe um diagnóstico seriíssimo, de ordem teológica e de personalismo exacerbado, com vistas a certa convalescença no horizonte.
Contudo, tenho esperança! Pois, a Igreja dos meus sonhos é peregrina na conversão e numa reforma contínua; vive em comunhão com Jesus, preparando-se desde já para a glória futura. De tempo em tempo ela vai se “reconvalescendo” – ganhando novas forças – e seguindo triunfante. Sua pujança espiritual torna-a capaz de caminhar em mudanças, realizando sempre novas reformas, a partir das comunidades locais. Toda essa pujança é mantida pelo Espírito Santo transformador de Deus.
Portanto, tenho constatado o quanto essa Igreja tem sido capaz de se reinventar, de ouvir o mundo e propor mudanças concretas. Podendo, também, ser a grande alternativa para o futuro promissor do mundo. Estou seguro dessa possibilidade. Acredito na inteligência da fé. Como diz Andres Torres Queiruga: “o que surge aí é a face resplandecente de um ser maravilhoso, que se fica surpreso por não tê-lo visto antes, tão claro como aparece agora e tão necessário que era”.
Ricardo Agreste, pastor presbiteriano, escreveu um livro com o seguinte título: Igreja? Tô fora! O autor quis chocar mesmo. Sua análise tem ares de sensatez. Afirma que, na atualidade, podemos identificar o crescente interesse das pessoas pelo assunto “espiritualidade”. As pessoas se mostram interessadas em conhecer mais acerca dos princípios de Deus e da vida e ensinamentos de Jesus. No entanto, quando o assunto é “Igreja”, a história muda drasticamente.
Em suma, precisamos de uma visão do que uma igreja pode ser em Deus. Como afirma Bill Hybels: “a igreja é a esperança do mundo, por intermédio de Jesus”. Essa visão da Igreja faz crescer nossa esperança e nosso senso de urgência quanto a expandir o Reino de Deus e ver um número cada vez maior de perdidos alcançarem a salvação em Cristo.