Por que a pandemia acelerou a tendência do “desigrejamento”?
Os olhos de muitos abriram-se a Igrejas mais bem equipadas tecnologicamente. Especialmente no caso de jovens, e dos mais informatizados, tem havido uma empatia natural por aqueles que fazem um bom trabalho.
Também podemos ser honestos e admitir que a facilidade em ouvir bons pregadores tornou-se uma opção a considerar. Quem disse que não é possível estar no culto local e, ao mesmo tempo, no culto vizinho?
E a questão da relevância da Igreja local? A pergunta que não quer calar: “Por que eu preciso de uma Igreja local?”
As pessoas têm descoberto que podem ser ministradas e contribuir à distância. Até Jesus fez milagres virtualmente. Curou o filho do centurião mesmo à distância (Mt. 8:13). Jesus não está limitado ao toque físico. Então, por que as pessoas necessitam da “fisicalidade”?
Quem disse que não posso olhar “olho no olho” por videoconferência?
Então, não cabe mais o coronelismo em proibir, ou seja, que não “assistam” a outros cultos. Não cabe mais dizer que o que vale é físico, somente.
O que pode reverter, tratar, amenizar essa tendência? Há diferentes caminhos: técnico, ético e ministerial.
Pode-se assumir um modelo híbrido funcional e cada vez mais aperfeiçoado tecnologicamente.
Pode-se também parar de “proibir” e até criticar que as ovelhas “visitem” outros cultos, porque é o que inevitavelmente acontece.
Penso que apenas uma coisa seria suficiente, ou altamente eficaz: ter um pastor e uma comunidade que não se encontram somente online. Um pastor que liga, ora junto, não impõe, mas ama. E cuja prática, essa, seja partilhada por outros. Um pastor que ama tanto, que chega a ser vulnerável. Mostra-se gente, mostra-se ovelha também.
Somente essa relação encurtada é que pode “constranger” a ovelha a permanecer arrebanhada. E ainda que ela se vá, e não valorize, quando chegar o “dia mal”, é possível que sinta falta e saudades.
Se ela for, o pastor deve permanecer sem criticá-la e demonstrar que as portas estão abertas para a volta, porque o dia que ela quiser voltar, sabe que será abraçada. Afinal, o que mais ela sentiu foi a falta daquele abraço.
C. S. Lewis escreveu: “A amizade é o instrumento pelo qual Deus revela para a cada um de nós a beleza dos outros.”
Uma beleza que traz a força do amor: “Devemos amar com todo o nosso coração, mesmo que não haja garantias. Isso não nos torna vulneráveis, nos torna vivos” (Brené Brown).
Não dá mais para ser Igreja, se não de forma relacional.
Hoje as pessoas não estão em busca de sermões. Elas só estarão dispostas a ouvir um bom “sermão” se antes perceberem que são amadas.
Há aqueles que estão em busca de uma boa música, mas nem isso seria capaz de manter a ovelha por perto, especialmente em dias onde sorrir e pular não seja o mais convidativo.
Bem já dizia o Sumo Pastor: “O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.”
Pastores que dão a sua vida colherão os frutos de ovelhas que permanecem. E se dentre essas algumas se forem, ficará a boa consciência de que o fizeram como para o Senhor.
Somente um engajamento mais comprometido e cheio da graça do Bom Pastor é que pode combater a tendência do “desigrejamento”.
Vacilius Lima e Mara Regina, missionários em Portugal.
Conheça o ministério de Vacilius e Mara Lima: Site Sepal
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