Esse post é a sequência de Bases Bíblicas para a renovação e revitalização da Igreja Local.
Ao invés de pensarmos em estratégias humanas, preferimos focar nas estratégias simples e bíblicas para uma renovação e revitalização da igreja local.
Como se tornar uma igreja renovada, revitalizada e arejada?
1. Amar a Deus sobre todas as coisas
Em primeiro lugar, a igreja precisa voltar ao seu primeiro amor (Ap 2:4). Viver uma vida cristã autêntica de paixão por Jesus. Será possível falar em um amor abnegado, ardente e num entusiasmo grande por Cristo nos dias de hoje? Creio que mais do que tudo hoje, a igreja precisa resgatar esse primeiro amor por Cristo.
Quando somos dominados por essa paixão por Cristo, somos levados a pensar nas coisas lá do alto, a ver as coisas como Cristo via, a ter a mente de Cristo e agir como Ele agia. O amor ardente por Jesus nos leva a ter um amor ardente pelas pessoas. O mesmo amor que Cristo tinha. É desse amor ardente que Paulo vivia (Gl 2:20). Suas ações eram movidas por Ele, e por isso Paulo deixava de pensar em si mesmo para realizar a vontade daquele que o havia chamado (Fl 1:21-24).
Precisamos resgatar essa paixão por Jesus para que a igreja volte a ser renovada, restaurada. Sem essa paixão, somos tentados a abandonar o barco antes mesmo dele desatracar. Com os olhos fitos em Cristo, nossos anseios e vontades são colocados de lado, e procuramos fazer a Sua Vontade, que é boa, perfeita e agradável (Rm 12:2).
2. Amar o próximo como a nós mesmos
Depois, essa paixão por Jesus nos levará conseqüentemente ao segundo mandamento: amar o próximo como a nós mesmos. O mundo está carente de amor, e só a igreja tem essa mensagem em suas mãos. Temos sentido hoje, mais do que nunca, que o mundo precisa de Deus. E Deus decidiu precisar de servos. Somos seus servos para tentar levar a mensagem das boas novas ao mundo que vivemos, pois só ela é capaz de transformar a atual sociedade. As necessidades das pessoas e de toda a criação de Deus, deve nos impulsionar a levar essa mensagem de salvação e vida.
Alberto Antoniazzi nos diz que:
A questão é oferecer condições às pessoas de fazer uma experiência de Cristo. Neste sentido, não basta reforçar a instituição ou dar mais publicidade à sua mensagem. Deve-se levar à experiência salvífica, a qual só se realiza no contexto da comunidade cristã, do povo de Deus. Pois o encontro com o Cristo vivo se dá hoje, como no início, através do encontro com seus discípulos. O encontro se dá na comunidade eclesial, enquanto ela assume sua vocação de tornar visível o Reino de Cristo na história. Jesus, o Cristo glorificado, está presente lá onde os seus discípulos se reúnem em seu nome. Mas esta presença se torna exigência de que os discípulos acolham como Ele acolheu, amem como Ele amou, sirvam como Ele serviu, perdoem como Ele perdoou, curem as enfermidades do corpo e do espírito como Ele curou, encontrem sua felicidade nas bem-aventuranças, anunciem aos pobres e oprimidos o tempo da libertação e da graça, tempo de graça que o próximo Jubileu do ano 2000 nos convida a tornar mais claramente manifesto [1].
3. Amor pela Igreja de Cristo
Em terceiro lugar é necessário ter uma paixão pela igreja de Cristo. No dia da minha conversão, uma pessoa chegou até mim e disse em meu ouvido: “este” – a igreja – “é o melhor lugar do mundo.” Como todo neófito acreditei cegamente. Contudo, com o passar do tempo, e conhecendo mais profundamente como funcionava a igreja, percebi que não era bem assim. As decepções que sofri com as pessoas da igreja me levaram a pensar que a mesma não era tudo aquilo que eu havia ouvido.
Até aprender que não existe instituição humana perfeita foram longos anos. Estes anos foram difíceis, mas depois pude compreender que aquele meu amigo estava dizendo a respeito da noiva de Cristo, da igreja universal e não da instituição.
Reconheço o valor da instituição e até pertenço a uma, mas não quero falar aqui do amor por ela. Deixo isso com outros apaixonados pela história. O que realmente me interessa é o amor pela Noiva de Cristo.
Quando a paixão por Cristo toma nosso coração, somos tomados também pela paixão por sua Noiva, seu Corpo. Cristo amou tanto a igreja que se entregou por ela (Ef 5:2,25). Quando nos entregamos à paixão por Cristo, obviamente nos entregamos à paixão pela igreja. Estamos dispostos a morrer tanto por um quanto pelo outro.
Isso motivou o apóstolo Paulo. Ele compreendeu que amava a Cristo acima de todas as coisas, e esse amor o levou a amar a igreja de uma forma imensurável. As pessoas de nossas comunidades precisam viver esse amor ardente. Tanto por Cristo e pelas pessoas, quanto pela igreja.
4. Redescobrir sua vocação
Em quarto lugar, para uma renovação da igreja local, ela precisa redescobrir seu chamado. Ela precisa entender que foi vocacionada por Deus como atalaia ao mundo. Deve vigiar e ao mesmo tempo proclamar. Um dos aspectos em comum em todos os movimentos de renovação e revitalização de igrejas na história foi a iniciação dos leigos na vida da comunidade. Os leigos precisam tomar as rédeas nas mãos e agirem.
Muitas vezes, a igreja parece aquele pai amoroso que nunca diz pro filho que o ama, e o filho passa a vida inteira pensando que o pai não gosta dele. A igreja precisa saber que a transmissão dessa mensagem de amor depende dela.
5. Firmeza doutrinária
E por último, o caminho para uma renovação da igreja passa pela estratégia da firmeza doutrinária. O apóstolo Paulo exorta a igreja de Tessalônica a que permanecesse nas tradições que eles foram ensinados (2 Ts 2:15). Ao pastor Timóteo, Paulo chama sua atenção para que ele fique firme naquilo que ele foi ensinado e inteirado (2 Tm 3:14). Curioso notar que Paulo não se deixava levar pelos ventos doutrinários de sua época e combateu vários deles.
Uma das maiores dificuldades hoje em dia é que têm se adaptado a teologia à realidade e não a linguagem. Isso é um sério problema. O apóstolo Paulo exorta para que não cedermos a qualquer vento de doutrina (Ef 4:14). Quando Paulo e Silas foram enviados a pregar em Beréia, aquelas pessoas que ouviram a mensagem foram consideradas mais nobres que os tessalonicenses, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim (At 17:10-11).
Precisamos estar firmados em nossas convicções, adaptando a linguagem ao contexto que estamos inseridos, para que a palavra proclamada possa, de fato, transformar vidas.