Texto de Sebastião Junior

É impossível pensarmos em ministério como uma carreira curta, como algo que vai durar apenas alguns anos das nossas vidas. Todo vocacionado olha para sua missão como um ambiente para entregar a vida, é uma jornada, uma maratona, impossível pensar que o nosso ministério tem um fim.

Então, se a entrega para vocação se estabelece na vida de alguém muito jovem, ele inicia em sua mente um caminho que vai durar por décadas. No meu caso, que comecei a me preparar para o ministério com apenas 18 anos, era muito claro que estava começando a fazer algo que não teria mais fim, por algumas vezes disse isso pra mim mesmo quando encerrava as atividades pastorais no domingo à noite, ou no fim de uma viagem, ou em alguma atividade que exigia muita energia. Já são mais de 17 anos de jornada, tendo a mesma certeza, estou envolvido em algo para toda vida.

Baseado nisso, decidi escrever alguns pequenos textos pensando na caminhada ministerial, do início ao fim. Farei isso olhando para vida de João Marcos, o primo de Barnabé, o filho da dona Maria da Igreja de Atos.

Provavelmente, ele era um adolescente na época do Pentecostes. Sua mãe era viúva, era comum a igreja se reunir em sua casa, conforme o texto de Atos 12:12. Existe indicação que era o mesmo local onde se realizou a última ceia. Lucas esta nos relatando o momento em que Pedro é livre da prisão neste capítulo, depois veremos Pedro em sua carta, demonstrando todo seu carinho pastoral pelo jovem, tratando-o como seu filho, “…como igualmente meu filho Marcos”. 1° Pedro 5: 13.

Baseado nessas pequenas informações, onde vemos no mínimo três pessoas, a mãe de João Marcos, o pastor Pedro depois do seu fracasso na primeira viagem e seu primo Barnabé que acreditou nele depois do seu fracasso, levando-o novamente, quero fazer a primeira afirmação: Todo jovem líder precisa de pelo menos um líder experiente que acredite nele. Sabemos que no contexto judaico o conhecimento da fé é algo aprendido em casa, sua mãe tem participação fundamental em sua vida. Temos Pedro, que trata-o carinhosamente como filho, adotando-o na ausência de seu pai, e por último temos seu primo Barnabé que na minha opinião é uma das figuras mais fantásticas no Novo Testamento e tão pouco falada em nossos dias.

Antes de continuar, quero ajudá-lo a fazer um pequeno diagnóstico. Você tem em sua vida um líder, ou mais, que acredita em você? Desafio neste momento a escrever o nome dessas pessoas.

Já ouvi vários líderes experientes falando da necessidade de abrir sua agenda de maneira intencional para discipular novos líderes pastorais. Na minha opinião, isso é um caminho de duas vias, os lideres experientes precisam ter a disposição para estar ao lado de jovens líderes, assim como jovens líderes precisam entender a importância de ter gente boa, com alguns anos de estrada, os ensinando.
Jovens líderes precisam buscar não uma referência distante, sei que muitos olham para excelentes líderes, escritores, palestrantes e são influenciados por eles, porém, estou falando de uma caminhada próxima, de um conhecimento que só é possível dentro de uma relação onde se anda junto. Veja em Atos 13:5 como isso é revelado “…tinham também João como auxiliar”.

Howard e William Hendricks no livro “como o ferro afia o ferro” nos falam do valor dessa relação: “Precisamos entender o valor dos relacionamentos. Mostre-me as companhias mais próximas de um homem, e assim poderei fazer uma suposição razoavelmente precisa sobre o tipo de homem que ele é, assim como sobre o tipo de homem que ele provavelmente se tornará. Como podemos perceber, as pessoas tendem a ensinar umas as outras pelo contato – mais uma vez, como ferro afia o ferro” (p. 21).

Este é o primeiro de alguns artigos que estarei escrevendo sobre a jornada ministerial de João Marcos, buscando tirar algumas lições práticas. Espero ter contribuído de algumas formas. Primeiro, para que os líderes mais experientes sejam referencias próximos, tenham relevância pratica na vida de jovens líderes. Segundo, que jovens líderes se submetam humildemente ao aprendizado sábio de líderes saudáveis que estão a sua volta. Terceiro, que seja uma relação clara sobre o que um, significa pro outro.

Saiba que o principio de ser modelo é salientado pela doutrina da encarnação, a verdade de que Deus se tornou carne. Entre as infinitas maneiras que um Deus infinito poderia ter utilizado para se revelar à humanidade, a forma fundamental ocorreu por meio de um ser humano, Jesus Cristo. Jesus era Deus na carne, assim como um modelo perfeito de divindade.


Referência Bibliográfica
HENDRICCKS, Howard e William. Como ferro afia o ferro. São Paulo: Ed. Shedd Publicações, 2006.