No artigo passado, entendemos que o evangelho é a mensagem que mundo deve conhecer.
Calvino afirma: “onde quer que encontremos a Palavra de Deus fielmente pregada e ouvida… ali, não se pode duvidar, está uma igreja de Deus”.
O que faz uma “igreja” de fato ser Igreja é o conteúdo de sua mensagem. Muitos líderes têm sido seduzidos pela ideia de falar e fazer algo que dá certo. Se deu certo, funcionou; portanto, continue falando e fazendo. A pergunta a ser feita não é se algo esta dando certo ou funcionando. A pergunta é se o que estamos falando e fazendo é certo, se existem fundamentos bíblicos em nossa mensagem e modelos.
Esses dois aspectos sinalizam as enfermidades que algumas igrejas carregam. O primeiro é a falta de uma mensagem que esteja cheia de evangelho; o segundo, o desejo que as coisas aconteçam rapidamente. Tudo que potencialize o crescimento é bem-vindo. A ideia é esta: quanto maior melhor. O pastor será reconhecido pelo tamanho de sua igreja; seu respeito está baseado no número de pessoas que o escutam.
O missionário é reconhecido pelo tanto de igrejas que plantou. Muitos, na busca por resultados, esquecem que o modelo de liderança a ser imitado é o de Cristo. Assim, buscam filosofia e modelos de lideranças baseados em valores que não correspondem aos do evangelho; empregam modelos de liderança que se utilizam das pessoas e não os que servem as pessoas. Por estes fatores, e por muitos outros, nos tornamos um povo de grandes concentrações, porém com poucos sinais de transformação.
Acho que vale a pena a gente ler o que C. H Spurgeon escreveu: “Não se detenha porque você não pode pregar na maior Igreja. […] O trigo de boa qualidade também cresce em campos pequenos. Você pode cozinhar em panelas pequenas e também em grandes. Pequenas pombas podem carregar grandes mensagens. Mesmo um cão pequeno late para o ladrão, acorda o dono e salva a casa. Uma fagulha também é fogo.
Uma frase da verdade contém o paraíso. Faça o que fizer totalmente certo, ore para isso com sinceridade e entregue o resultado para Deus.”
Precisamos de líderes cujo objetivo do ministério não seja a grandeza pessoal, líderes que não sejam vaidosos, cheios de si, narcisistas, cujo deus é o ventre. Precisamos de líderes que tenham por alvo a grandeza de Deus, cujas ações sejam para a glória do Senhor.
Que a nossa qualidade não seja determinada pelo tamanho do campo. Que sejamos como trigo, cuja qualidade está em si mesmo, não no campo em que ele cresce. Líderes que não estejam querendo manipular o resultado do seu trabalho, estando dispostos a fazer com que as coisas deem certo a qualquer custo. Que o alvo do ministério seja sempre a glória de Deus; líderes que estejam satisfeitos com o resultado do seu trabalho. Porque, como já dizia a canção, “é meu somente meu todo o trabalho e o seu trabalho é descansar em mim”.
Que a nossa mensagem e os nossos feitos estejam repletos de evangelho, ou melhor, que sejam somente o evangelho. Fazendo assim ouviremos a todo instante a frase do mestre “servo bom e fiel”.