Por Sulamita Crabb e Maria Lúcia Ovidio

Você é um visionário ou um estrategista?

Nos últimos 25 anos os gurus dos negócios estavam respondendo ás forças do mercado e propondo uma nova doutrina buscando uma resposta às necessidades das grandes empresas dos Estados Unidos, que estavam com problemas desde meados dos anos 70.

Como dizia em 1983, Rosabeth Moss Kanter, em seu livro The Change Masters, “até ha pouco parecia que as empresas Estadounidenses controlavam o mundo em que operavam. Mas agora, argumenta, estão em uma situação muito mais intimidante.¨ Como resultado, procuraram os teóricos que lhes ofereceram toda gama de material sobre líderes, como são formados, características, etc. Para o que estamos escrevendo hoje nos interessa a definição de alguns teóricos liderados por Abraham Zaleznik, psicoanalista da Escola de Negócios de Harvard. Ele distingue entre “líderes” e¨administradores”. Para eles, o líder é uma figura inspiracional enquanto que o administrador toma conta dos assuntos mais básicos da administração e mantém a disciplina organizacional. Vendo essa distinção talvez você se veja como um líder, que impulsiona uma visão para sua igreja ou seminário ou um administrador que toma conta de tudo para que tudo saia bem.

Para Barbara Kellerman, na Revista Summa GERENCIA de janeiro de 2005, ela critica essa distinção de Zaleznik pois projeta o líder em uma luz tão heroica que reforça a confusão entre liderança e boa vontade. E, para mim, essa definição me ajuda na distinção entre o líder visonario e o administrador. Esse ultimo tem que tomar a visão para si mesmo, e ao visionário cabe comparti-la. Mas, essa definição nada acrescenta na dificuldade dos líderes de criarem sinergismo. E isso se comprova nas igrejas evangélicas onde há varias teorias que explicam e orientam a pastores sobre suas habilidades e como sobrepor suas fraquezas. Mas, e quanto ao sinergismo?

Sinergismo

Vamos iniciar analisando o encontro de duas personalidades diferentes: Cornélio e Pedro.

Duas forças diferentes, duas personalidades opostas ou parcialmente opostas que tinham em comum o interesse no judaísmo como sua maneira de amar a Deus. Cornélio era o que se chamava na época um ¨judeu que ficava na porta” ou eu diria em bom português, encima do muro. Ele seguia o judaísmo como prescrito na lei mosaica e possivelmente em sua interpretação oral. Mas, não havia passado pelas águas do batismo judaico, como um prosélito o faria. Não obstante ele era reconhecido pela comunidade judaica como um que ajudava e tinha uma vida de oração (Stern, JNTC:257).

Todo o treinamento de Cornélio em sua vida militar lhe ganhou um posto de comando. Para tanto ele deveria cumprir com as prerrogativas de Roma e maximizar seu domínio em Israel. Ele era, mesmo sendo um obervando do Torah, um gentio no meio de uma comunidade que para se diferenciar dos gentios, tinham como base da sua etnicidade, a sua religião.

Para o visionário Pedro, um Cornélio não estava entre o seu grupo preferido de amigos. Ele era um judeu seguidor do Messias ressurreto e ministrava na sua comunidade judia. Sendo um judeu extremamente observante da Lei Mosaica e sua interpretacao oral, tinha sua influencia entre a comunidade geral e dos messiânicos como um líder.  Seguidor do Messias de Israel e filho de Abraão pela Fe e na carne, Pedro sabia que toda a terra seria bendita com o Deus que os judeus adoravam. Mas, Pedro aprenderia com essa visao um novo paradigma em liderança que ele sozinho não podia compreende-la.

Do ponto de vista de Pedro, ela sabia que lei Mosaica estipula os animais puros para consumo do ser humano. Sabia que essa lei não foi mudada no tempo que Jesus andava na terra com Pedro. Agora vem essa visão que ordena a Pedro que coma de animais imundos! Um Deus imutável não lhe pediria para comer comida impura. A interpretação levava para além dos animais em si, pois Deus não muda seus mandamentos. Que significava então a visão?  A visão tinha a ver com pessoas e não animais.

Pedro logo descobre que como judeu ele chamava aos gentios de impuros e seu contato com os eles o defraudava de sua santidade a Deus. Mas Deus queria lhe ensinar que Israel para ser uma bênção aos gentios necessitava da cooperação entre pessoas diferentes; e nos planos de Deus esses dois lideres aumentariam o potencial de se ganhar o mundo para Cristo. Deus queria criar uma cooperação entre Cornélio e Pedro que ultrapassaria a energia dos dois separados!

Podemos concluir que Deus não cria  sinergismo só com uma pessoa. Ele trabalha em toda a liderança desde uma visão e muitas vezes os lideres se sentem enciumados ou querem ser eles os donos da visão. Essa para caminhar necessita ser compartilhada entre os lideres. Deus sempre age assim e não foi diferente nesse caso, pois Ele preparou a Cornélio e a Pedro e um necessitava do outro para o avanço do Reino de Deus.

E difícil para um visionário crer que Deus também esta falando a outras pessoas a mesma coisa. Temos a pretensão de crer que Deus fala só a nos e assim podemos como um profeta dispensar seu oráculo ao povo. Mas Deus tem seu senso de humor e da sua visão para Cornélio e Pedro.