Por Douglas Lamp, missionário Sepal na área de pastoreio de pastores
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Antes da pandemia, um grupo de cinco pastores se reunia semanalmente às quartas-feiras, durante duas horas, em uma casa acolhedora em Natal-RN. O formato do encontro era simples e informal. Começando com um lanche, com frutas, pão e café em uma garrafa térmica (sem açúcar, por favor). Os participantes comunicavam-se previamente por WhatsApp para certificarem-se de que os ingredientes do café não estariam duplicados, ou faltando algo. Alguém se responsabilizava em organizar o tempo da reunião, trazendo uma reflexão bíblica ou algum trecho de um capítulo de um livro que foi escolhido por todos para começar o tempo de conversa.
O desenrolar das reuniões seguiam a criatividade de cada participante, às vezes com música, outras vezes com uma intercessão intensa provocada por uma situação familiar ou ministerial. Com o passar do tempo, os pastores se sentiam cada vez mais à vontade para compartilhar suas vidas e os desafios de seus ministérios. A confidencialidade e privacidade das conversas eram sempre reiteradas pelos membros do grupo. Às vezes, um irmão compartilhava uma situação tão delicada ou de difícil solução, que o grupo se reunia em um círculo para um tempo especial de intercessão por ele. Outros encontros eram injetados com humor, ou relatos tão ridículos e bizarros, que as risadas e gargalhadas eram inevitáveis e tomavam conta da reunião.
Estes foram alguns dos cenários típicos de grupos de pastoreio de pastores e de mulheres em ministério que eram e continuam sendo parte de um movimento que ocorria em várias cidades no Brasil. A diferença agora é o que se chama de “nova normalidade”, em razão da pandemia da Covid-19. Cada grupo de pastoreio tem sido desafiado a encontrar novas formas de exercer o pastoreio de pastores no segundo semestre de 2020.
São líderes de diferentes denominações e tradições que estão descobrindo que o ministério pode ser compartilhado. Um comentário que ouvimos frequentemente de pastores é que, pela primeira vez, eles estão descobrindo que é possível encontrar amigos no ministério, e ainda, com pastores de outras perspectivas teológicas! Incrível é pensar que líderes, especialmente homens, reconhecem a falta de ter um amigo de verdade. Eles estão descobrindo que uma visão comum do Reino de Deus e sua expansão aqui na terra é importante, e vai além das faixas denominacionais.
Os grupos de pastoreio não estão programados para criar mais atividades ministeriais, embora isso aconteça naturalmente, quando dois ou três pastores começam a sonhar juntos sobre a evangelização de sua cidade, ou em atender uma necessidade em seu bairro. Pouco antes da pandemia, houve pastores fazendo exercícios e caminhadas juntos e até piqueniques com suas famílias na praia.
Em cada encontro, queremos dar oportunidades para ouvir os participantes responderem a perguntas simples. Algumas como: “Qual é a experiência que está encorajando sua vida?”. Ou: “O que está aprendendo de novo para colocar em prática em seu ministério?”. Naturalmente, algumas aflições eram percebidas, então alguém perguntava: “Como podemos orar por você?”. Em um grupo de oito a dez líderes, é comum ouvir uma variedade de desafios e até frustrações. Há algo terapêutico em estar em um ambiente no qual sentimo-nos seguros, é até desafiador, compartilhar com outros as coisas mais importantes de nossas vidas.
Em nosso treinamento para líderes de grupos de pastoreio, falamos de quatro elementos simples nos encontros. Na verdade, já ficávamos felizes se conseguíssemos dois ou três desses elementos em uma reunião típica. Nós os introduzimos como um acróstico: CARE (em inglês, a palavra significa cuidado) que corresponde às palavras: Cuidado, Avaliação, Reflexão e Estudo.
O cuidado pastoral (C) é um tempo de ouvir atentamente uns aos outros, permitindo aos participantes responderem perguntas simples sobre como eles estão em sua vida pessoal e no ministério. Assessoria (A) é quando cada líder tem a oportunidade de ser intencionalmente mentoreado em áreas estratégicas de sua vida. A mentoria requer algumas habilidades adicionais para realmente funcionar bem, e quando acontece, é um ponto alto do encontro para muitos pastores. O “R” se refere a um momento breve de reflexão, em especial, um pensamento ou devocional com base na Bíblia. Não é necessário pregar para pastores. Concordo. No entanto, todos nós precisamos ser desafiados a ter um encontro com as verdades da Palavra de Deus. A verdadeira transformação pessoal acontece em um encontro com o poder da Palavra de Deus. Estudo (E) significa reservar um tempo para discutir um capítulo de um livro ou a apresentação de uma ferramenta nova para nossos ministérios. Líderes que acreditam no pastoreio de pastores entendem a importância de aprendizagem contínua e intencional para suas vidas.
Alguns desses elementos do CARE acontecem com todos os participantes envolvidos. O cuidado e a assessoria são mais personalizados quando praticados com dois ou três líderes reunidos por 30-40 minutos durante o encontro. O que é importante em qualquer encontro de pastoreio é que cada participante tenha uma oportunidade de ser ouvido, de receber ou dar encorajamento, de perceber o agir e o mover de Deus sobre sua vida. Parece uma alta exigência para qualquer reunião, mas esta é a experiencia de muitos líderes que descobrem a importância de participar de um grupo de pastoreio!
Vários missionários da Sepal têm dedicado suas vidas para formar e encorajar grupos de pastoreio de pastores e mentoria. Há colegas na Sepal (minha esposa, por exemplo, entre outras) que se dedicam à formação desses grupos exclusivamente para esposas de pastores, pastoras e missionárias. Com o aumento das complexidades e demandas no ministério pastoral, um líder solitário é um alvo fácil para o desânimo, a depressão ou uma desqualificação no ministério.
O período de isolamento social e distanciamento social está alterando a maneira como líderes retomam suas atividades. É tempo de pastores, missionários e líderes aceitarem o desafio de se envolver em um grupo de pastoreio de pastores. Para mais informações sobre Pastoreio de Pastores na Sepal, entre em contato com um de nossos missionários.
Douglas e Barbara Lamp
Natal-RN