Por Cleiton Oliveira
Elas são protagonistas do futuro. Pequenas hoje, gente grande amanhã, as crianças não podem passar despercebidas pela igreja. Olhar para as novas gerações é fundamental em um mundo em que a relativização de valores e o distanciamento em relação à fé caminham a passos largos. Errar ao comunicar a mensagem do evangelho aos pequenos é grave e pode ter sérias consequências, como a rejeição ao estilo de vida cristã na adolescência e na idade adulta. Por esses e tantos outros motivos, os pequenos precisam estar na pauta dos pastores e líderes.
Preparar uma programação adequada, realmente cativante e eficaz, não é uma tarefa fácil. É preciso cuidado, estudo e dedicação para que o objetivo de cada atividade seja cumprido. O desafio ao lidar com os pequenos, contudo, vai muito além da elaboração de uma estratégia exitosa. É necessário perceber as entrelinhas e entender as reais necessidades das crianças do frenético século 21.
A importância da escuta
Conforme sugere Valerie Abreu, missionária da Sepal, diretora do ministério Geração Elo, iniciativa que tem como alvo alcançar pastores, voluntários e líderes de ministérios de crianças, adolescentes e famílias, mais do que transmitir informação, pais e líderes devem escutar as crianças, fazendo-lhes as perguntas certas, no intuito de conhecer melhor o coração delas e identificar as ideias que os pequenos têm de Deus. Diferentemente das gerações passadas — sinaliza Valerie — as crianças de hoje têm acesso a muita informação. Por isso, focar apenas na transmissão de conteúdos não é suficiente, pois elas já os obtêm por meio da Internet. É preciso entendê-las, dar-lhes ouvidos e, assim, perceber oportunidades para comunicar-lhes o evangelho.
Valerie aponta que é durante a infância que boa parte das pessoas entregam a vida a Jesus, daí a necessidade de um olhar cuidadoso a esse público. Outro ponto interessante é o fato de que a criança pode ser um agente catalisador dentro da própria família, conquistando outras pessoas para Cristo. Além disso, a conversão ainda na tenra idade pode ser o diferencial de toda uma vida. A igreja também é beneficiada com o engajamento das crianças, já que os pequenos de hoje são a igreja do amanhã.
O que deve ser evitado
Conforme sugere a missionária, existem três erros que devem ser evitados no ministério infantil. O primeiro deles é negligenciar o diálogo, o relacionamento e a proximidade. “As crianças precisam saber que são amadas”. Outro erro é adotar estratégias que não estão alinhadas com a igreja, entrando em choque com o que é compartilhado pelo pastor e pela liderança. Por último, deixar de buscar novos conhecimentos e parcerias, uma postura altamente prejudicial. “O trabalho com os pequenos é desafiador. Por isso, é aconselhável ter uma equipe de oração e crescimento, sempre em contato com o pastor”, diz.
Paralelamente, Valerie elucida pontos de atenção: a falta de investimento em pessoas que trabalham em tempo integral e a concentração dos esforços unicamente em quem vem à igreja, deixando de fora o público que não faz parte da comunidade eclesiástica.
No que se refere ao currículo, Valerie de Abreu aponta que, para escolher uma programação que atenda às necessidades de cada grupo, é imperativo investir tempo em pesquisa. Cada comunidade é diferente, por isso não existe um recurso único que seja eficaz para todos os públicos. Nesse contexto — sugere —, deve-se observar a cultura local e analisar propostas de diferentes igrejas, para conceber uma estratégia adequada, por exemplo: o evangelismo ou o discipulado.
Novas tecnologias e a criação de projetos eficientes
Márcio Flores, publicitário e membro da Turma da Bíblia, um grupo de empreendedores cristãos que se uniram para levar, como dizem, “mais amor e compaixão a uma nação carente do verdadeiro sentido da família e do amor a Deus e ao próximo”, traz à tona uma questão atual: a cultura das redes sociais associada a uma cultura globalizada e o fato de que as crianças de nossos dias estão absolutamente conectadas são realidades que exigem de educadores e influenciadores uma reciclagem contínua e urgente. Nesse sentido —comenta — é preciso “profissionalizar” os trabalhos destinados às crianças e aproveitar que elas ainda são em sua grande maioria influenciadas pelos pais. “Teremos de ser criativos e ousados no planejamento de iniciativas que despertarão a atenção dos pequenos para as coisas de Deus e o seu Reino”, diz.
Márcio também aponta uma situação preocupante: o perigo de transformar a atividade na igreja em uma mera recreação. “Temos visto uma certa displicência em relação ao trabalho voltado para as crianças. Em alguns lugares, percebemos que o momento de aprendizado no ministério infantil virou uma espécie de “passatempo” enquanto os pais participam do culto”.
Liderança e relacionamento inspirador
Valerie de Abreu sugere que tanto homens quanto mulheres podem trabalhar com crianças. Quando o ministério é exercido por um casal, ambos devem refletir um relacionamento saudável, sendo modelo para os pequenos. Ter um coração de servo, que saiba pastorear, liderar e contribuir para o desenvolvimento das pessoas é primordial. Ao desempenhar o seu papel, o líder deve dar especial atenção aos pais, ter bom diálogo com a equipe e influenciar a próxima geração, trazendo os mais jovens para a atividade ministerial. Também é preciso ser alguém com coração humilde, que alimenta uma profunda comunhão com Jesus.
Os pais que desejam conquistar os filhos para Cristo devem ter em mente que são exemplos para os pequenos. Por isso, precisam vivenciar um íntimo relacionamento com o Senhor. Sendo assim, ir à igreja não é suficiente, é importante que pais e filhos caminhem juntos com Jesus em casa, no dia a dia. Outro aspecto a considerar — acrescenta Valerie— é manter um ritmo, preferindo frequentar os cultos no mesmo horário e incentivar a construção de laços de amizade com outras crianças da comunidade.
Crianças: preciosas para Deus!
Pastores e líderes não podem perder de vista o quão preciosas as crianças são para o Pai. Dessa forma, devem buscar capacitação e mobilizar recursos para alcançá-las: “Existem bilhões de crianças que não conhecem o amor de Jesus Cristo. Precisamos juntar esforços para conquistar o coração dos pequenos não apenas em nossas comunidades, mas em todas as nações”, conclui a missionária. •
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