Durante o período de isolamento no Brasil, ouvimos de vários pastores que não fariam muitas coisas diferentes ao reabrir a igreja para reuniões presenciais. Como o passar do tempo, começamos a ouvir desses mesmos líderes suas preocupações em como adequar diferentes ministérios para atender a uma série de novas necessidades. Alguns se preocuparam em atender as necessidades de idosos que continuarão em risco pela Covid-19. Um outro pastor notou que os membros parecem muito confortáveis com cultos on-line. Ele imagina que alguns deles não voltariam a congregar-se presencialmente, e pergunta o que fazer para mudar isso. Vários pastores preparam-se para reabrir suas igrejas e encontrar pessoas que não conseguiram despedir-se de parentes que morreram durante o isolamento, e outras sofrendo depressão ou desempregadas. São múltiplas as razões para acreditar que os ministérios no período pós-isolamento vão precisar repensar como as coisas podem ser diferentes.

Teólogos e missiólogos estão descrevendo o momento atual como uma oportunidade singular para a Igreja de Jesus Cristo rever alguns de seus conceitos e atualizar suas práticas. Quem de nós imaginou esse tempo, com as economias e os governos do mundo parados diante de uma pandemia, e as igrejas com suas portas físicas fechadas por vários meses? [1]

Esta é o momento importante de refletir a Palavra de Deus e buscar inspiração e encorajamento. Em 1 Crônicas 12.32, encontramos a referência de um grupo de pessoas que entraram no exército de Davi. Os filhos de Issacar são descritos como “conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer” (RA). Em momentos críticos como esse, o povo de Deus precisa de pessoas conhecedoras de sua época e dos tempos, que sabem discernir e interpretar uma nova normalidade na sociedade. Nós queremos que você, nosso leitor, seja o líder que consiga discernir os tempos e entender os desafios peculiares que esta pandemia apresenta para a Igreja de Jesus.

Em Eclesiastes 3, encontramos as palavras do Rei Salomão que descrevem como “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3.1 – RA). Este momento de reabrir as igrejas e reiniciar ministérios pode ser interpretado como um tempo, determinado por Deus para enfrentar mudanças e realinhar ministérios. Solomão descreve várias ações que acompanham o tempo determinado por Deus. Algumas dessas ações nos ajudam a formular perguntas para nossas igrejas e nossos ministérios neste período singular de pandemia, pós-isolamento.

  • O que precisa ser parado? (morrer ou derribar)
  • O que precisa ser reinventado? (curar ou edificar)
  • O que precisa ser criado? (nascer ou plantar)

Um grupo de pastores evangélicos em Natal-RN está preparando uma cartilha simples para aplicar essas perguntas em dez áreas estratégicas de um ministério. Eles acreditam que todas essas áreas possam passar por mudanças no período pós-isolamento da pandemia. Ao refletir sobre essas dez áreas de ministério, considerou-se como cada área podia apresentar uma oportunidade para seu ministério ser fortalecido e frutificar neste novo tempo de pandemia no Brasil. Vejamos a seguir:

1.

Igrejas que refletem um modelo de ministério mais simples: Como a nova normalidade da sociedade será refletida na nova normalidade nas igrejas? Como sua igreja pode refletir um modelo de ministério como Jesus e a igreja de Atos?

2.

Ministérios que cuidam de grupos de vulnerabilidade ao Covid-19 com ênfase na 3ª idade:
Como mobilizar o corpo de Cristo para servir os mais vulneráveis na comunidade? Como compreender e atender às necessidades específicas de pessoas idosas e com comorbidades?

3.

Cuidados especiais de higiene e prevenção no espaço da igreja local e no ministério:
Como adequar e usar sua igreja e outros espaços públicos para não infectar as pessoas? Como sua igreja pode testemunhar sua obediência à autoridade de Deus e as de autoridades civis e científicas?

4.

Como igrejas podem se envolvem mais na vida e as necessidades de sua comunidade local:
Como mobilizar sua igreja para encarnar a realidade e a presença do Evangelho no bairro? Como os ministérios podem ser mais relevantes e produzir um impacto na vida de pessoas na comunidade?

5.

A importância e os limites de tecnologia e da internet para cumprir a missão da Igreja local:
Como fortalecer os cultos presenciais e adequar o uso de transmissão on-line? Até que ponto a igreja precisa modernizar-se com tecnologias para cumprir sua missão?

6.

Fidelidade financeira e mordomia em tempos de recessão econômica no pós-isolamento:
Como ter um plano financeiro de longo prazo para seu ministério durante uma recessão?
Como e onde deve economizar em gastos o ministério em uma recessão?

7.

Equilibrando as vantagens de vocação ministerial de tempo integral ou bivocacional:
Como pastores podem cumprir sua vocação e sustentar sua família? Como entender e desmistificar a vocação de “fazedores de tendas”?

8.

Cuidados especiais com pessoas sofrendo problemas psicológicos (resultado da pandemia).
Como cuidar das pessoas com necessidades terapêuticas e psicológicas na igreja?
Como ministrar às pessoas que sofreram no isolamento ou na pandemia?

9.

Interpretando os tempos de pandemia à luz de uma escatologia bíblica.
Como compreender a pandemia à luz de escatologia e de Apocalipse?
Como a pandemia serve para entender o sofrimento, a tribulação e a segunda vinda de Cristo?

10.

Desafios em reconstruir missões até os confins da terra ao reconstruir o ministério local:
Como reaprender o que significa ser uma igreja missionária?

Como dar oportunidades às pessoas conhecer a urgência de missões em um contexto de pandemia?
Essas e outras podem brotar em seu coração. Vamos refletir e buscar caminhos…

Douglas Lamp | Equipe Sepal Nordeste | [email protected]

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[1] Ed Stetzer em  (acessado em 08-06-20)

Ricardo Agreste em (acessado em 08-06-20)