Em 1996, dois jovens se desfizeram das suas profissões e aspirações de vida para se dedicarem integramente a Jesus. Com 22 anos de idade e convictos do chamado de Deus, receberam a benção dos seus pastores, discipuladores e dos irmãos da igreja para obedecer o desafio de falar de Jesus fora do Brasil. Por serem os primeiros missionários de suas igrejas, a Igreja Batista do Prado em Curitiba e a IPB Central de Presidente Prudente, todos os envolvidos tiveram que aprender muito nesta caminhada: os pastores, o conselho, os líderes e obviamente os próprios missionários.
Então, em 1996 e por meio da Missão Avante, Adriano e Fabiana foram enviados para o Uruguai e foi lá que se conheceram, mesmo servindo em cidades diferentes a amizade cresceu e o amor nasceu. Ao retornarem para o Brasil, se casaram em Set/2000 e no ano seguinte, mais precisamente em julho de 2001 foram enviados à Tailândia. Anos mais tarde, Deus deu a Adriano e Fabiana, dois meninos, Davi e Lucas.
Diante dos muitos desafios, nossos missionários foram privilegiados por inúmeros treinamentos, aprendizado de várias línguas, culturas, teologia e estudo de outras religiões. O Senhor também deu a eles o privilégio de ver muitas pessoas se entregando a Cristo e se batizando. Puderam também iniciar igrejas, discipular pessoas, servir, treinar pastores e líderes e representar a igreja de Jesus em inúmeras comunidades budistas e muçulmanas. Hoje, 25 anos depois, olhando todo o percurso, Adriano e Fabiana exaltam a graça de Deus e o cuidado do seu povo para com eles: igrejas, pessoas, grupos de oração, jovens, crianças, e agências missionárias (SEPAL/OMF). Enfim, todos os que participam orando, enviando recursos financeiros, oferecendo cuidado emocional e pastoral para a família.
Apesar das privações, da ausência dos familiares e de não estarem no país de origem, nossos missionários têm a sensação de que estes 25 anos se passaram “voando” e são muito agradecidos a Deus, às igrejas enviadoras e mantenedoras e aos seus mentores.
Conheça agora os desafios em curso da Família Araújo:
Medo, tristeza, aflição e expectativas
Em razão da Terceira onda da covid-19 na Tailândia, a família missionária precisou viver durante 7 meses com toques de recolher, medo, tristeza e grande aflição. Felizmente, o nível de contágio diminuiu consideravelmente e o governo tailandês decidiu abrandar as restrições.
Desta forma, pouco a pouco tudo vai sendo normalizado. As áreas de lazer foram reabertas, os mercados, os empreendimentos empresariais e algumas escolas. Davi e Lucas, retomaram às aulas presenciais e algumas atividades da igreja puderam ser reiniciadas.
“Uma alegria reencontrar fisicamente os irmãos da igreja, os amigos da vila, e as pessoas que só estávamos tendo contato através dos meios de comunicação virtual. Com isso, pudemos celebrar o Natal com os irmãos e realizar algumas atividades evangelísticas”, compartilha Adriano.
Durante sete meses de restrições, graças às doações de cristãos tailandeses foi possível promover um projeto humanitário para centenas de famílias que vivem no mesmo distrito (bairro) que a Família Araújo. A expectativa para este ano de 2022 é de contínuo serviço aos budistas, como por exemplo, assistir as famílias da comunidade local com aulas de reforço às crianças, ensinar arte, música e futebol (a igreja tem uma academia com foco no esporte) e sobretudo, aproveitar todas as oportunidades de testemunharem de Jesus, orando e crendo que alguns ouvintes decidirão deixar as divindades, espíritos e crenças para seguí-lo e unir-se à igreja local que nossos missionários iniciaram no distrito que residem.
“ÉM… tendo bom ânimo”
Na adolescência a Ém viveu uma gravidez indesejada. Teve um filho que deixou aos cuidados dos pais e do ex-namorado numa província distante. Há alguns anos decidiu deixar o Budismo para seguir a Jesus. Por serem contra essa decisão, sua família passou a ignorá-la e se distanciar intencionalmente dela. Além da indiferença familiar e social, nesses últimos anos a Ém tem vivido sob pressões e privações, mas sempre orando e se esforçando para ajudar a família a compreender a razão pela qual segue a Jesus. Ela passou a fazer quase tudo o que a família pede: cumpre trabalhos impostos, que na verdade têm a intenção de impedí-la de ir à igreja e quando vai, é pressionada a voltar logo para casa. Além disso precisa ler a Bíblia às escondidas.
A Ém decidiu obedecer a família em tudo – menos em negar sua fé, nutre a esperança de que um deles possa entender as Boas Novas.
Oremos por proteção espiritual, fé continua e ânimo para a Ém, também para que algum membro de sua família perceba o amor de Jesus.
Mais um período de transição e desafios
Com 17 anos, Davi está concluindo o ensino médio e se inscrevendo para a universidade. Este é um momento de alegria, mas também que traz muita ansiedade e dependência da misericórdia de Deus para que Ele supra todas as necessidades.
Custear a faculdade para do Davi será mais um desafio, mas pela fé e com muitas limitações a família se organizou para isso. O colégio do Davi os aconselhou a contatar algumas universidades cristãs nos Estados Unidos para solicitar uma bolsa de estudo integral.
Desde a pré-escola, os estudos do Davi são pagos com as doações do povo de Deus e por meio de bolsas. Devido sua ativa participação ente os estudantes, liderando grupos de estudo bíblico, projetos sociais e outras ações promovidas pela escola, o colégio decidiu pagar sua prova de proficiência acadêmica para que ele pudesse enviar o currículo para as faculdades. Além disso, vários professores e o próprio diretor do colégio, enviou uma carta de recomendação para as faculdades que o Davi já tinha interesse.
Graças ao bom Deus, ele teve um excelente resultado na prova de proficiência! Foi aceito por diversas faculdades e é elegível para receber uma bolsa de estudo parcial.
Entre as universidades que ele tem interesse, duas já lhe garantiram uma bolsa de 60 a 70% e ainda continuam avaliando a solicitação para a bolsa integral. Caso você tenha interesse em ajudar com os custos dos estudos do Davi, faça contato!
[email protected] | +66 846889873
Veja a seguir a tradução da redação que o Davi enviou para as universidades sobre sua experiência de vida.
Aprendi, sou e acredito assim…
“Lembro-me do silêncio e voz trêmula. Como eu poderia falar desse assunto para meus pais na mesa do jantar? Será que eles se assustariam diante dos números e a mamãe colocaria o feijão sobre o arroz como de costume?
Eu me lembro do silêncio no corredor da escola enquanto segurava o formulário de inscrição para o exame escolar, por quanto tempo eu não sei. Já os outros alunos da escola estavam indiferentes, e até sorrindo. Para a maioria deles, a taxa de inscrição do exame não era algo para se pensar, mas para a minha família sim. Na mesa, enquanto o arroz começou a se misturar com o feijão, o silêncio novamente.
“Davi! o papai está aqui!” gritou Lucas, o meu irmão mais novo. O papai nos cumprimentou enquanto nos aproximávamos. Ele estava feliz. Estava em paz. Desde cedo papai sempre nos ensinou que “tudo o que temos foi dado por Deus”, e vimos evidências disso. A modesta casa alugada, o piano, a mensalidade escolar – nunca poderíamos pagar por tudo. Meus pais confiaram plenamente nisso quando saíram de Londrina e Presidente Prudente, lá no Brasil, para servir aqui na Tailândia. Deus nunca nos deu muito pouco ou muito a mais; Ele sempre nos deu o suficiente.
No entanto, às vezes o suficiente não era suficiente. Havia emergências médicas, contas e taxas escolares, que ameaçavam a estabilidade da nossa família. Na mesa de jantar, notifiquei sobre o assunto para os meus pais, falando sobre como a taxa poderia representar um desafio. “Lembre-se do passado, Davi,” disseram meus pais, lembrando-me dos feitos de Deus na família Araujo, uma família onde Deus vive. Eles apontaram para a minha clarineta, lembrando-me do “milagre da clarineta” com o qual toco música semanalmente: não tínhamos recurso suficiente para uma clarineta, mas Deus moveu uma família para ofertar a quantia exata para obtê-la. Eles apontaram para meu irmão, me lembrando do “milagre da provisão” que o curou duas vezes: meu irmão precisou ser hospitalizado e as despesas eram muito altas. Deus providenciou.
Nesse momento mamãe chorava segurando a mão do papai. “Deus nos prometeu que cuidaria de você, e Ele nunca falhou.” Eu percebi o quão pequeno eu era. Como minhas preocupações eram essencialmente sem sentido em comparação com o que Deus tinha reservado para mim. Os dons e a segurança que Deus nos deu eram impagáveis. Eu sabia que cada presente que Deus me deu era uma oportunidade para eu glorificá-lo. Ver Sua provisão em minha vida me levou a servir melhor a Ele e ao Seu povo.
Através de alguns projetos, ministérios e trabalhos voluntários que participei, aprendi e observei muitas coisas: Com os pacientes no Chulalongkorn Hospital de Bangkok, vi Deus proporcionando saúde e bem-estar aos pobres tailandeses; No projeto social com a minha Igreja, vi Deus fornecendo segurança alimentar às famílias que foram afetadas pela pandemia. Como professor de piano e escola dominical em minha igreja, vi Deus fornecendo as ferramentas essenciais para que as crianças da igreja crescessem em seu relacionamento com Deus; Como professor de inglês para alunos em várias escolas no interior da Tailândia, vi Deus proporcionando ensino de idiomas de qualidade para alunos carentes. Deus me oferece muitas oportunidades de servi-lo e prometi nunca desistir delas.
Existe uma expressão aqui na Tailândia: mai pen rai; que significa “não se preocupe!” Essa expressão ressoa nas feiras, pelos vendedores de comida e nos arrozais, é falado por todo o país. É o que preferimos dizer em face da adversidade: não se preocupe! Aqui aceitamos todos os desafios como uma oportunidade de crescer e, para mim a taxa do exame foi apenas mais uma oportunidade de crescer na fé. Deus proverá. Ele me desafia a acreditar nisso porque Ele sempre vai adiante de mim.
Olho para o prato e vejo o ensopado de feijão e sorrio: mai pen rai!
Mais uma vez Deus abrirá o caminho adiante de mim.
Davi Zola de Araujo