“Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções); se ele for ter convosco, acolhei-o”. Colossenses 4:10.
“Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério”. 2°Timóteo 4:11.
Esse é o último artigo que escrevo sobre a jornada ministerial de Marcos. A afirmação sobre ser “útil novamente” está sendo feita 30 anos depois da discussão e separação de Paulo e Barnabé sobre levar Marcos ou não para viagem missionária (Atos 15, 36-41). Quando leio o que Paulo fala sobre o ‘não mais tão jovem Marcos’ no final de sua vida, percebo que andar com Deus é estar sempre disposto a fazer o caminho da restauração.
Estar envolvido com a Missão de Deus é abraçar novos relacionamentos o tempo todo. É por intermédio desses “encontros divinos”, que parte da missão dEle se torna cada vez mais completa. De forma paradoxal, existe outro movimento que é o de rupturas relacionais por inúmeros motivos. Qualquer pessoa com o mínimo de vivência ministerial percebe facilmente que somos um povo que infelizmente nos dividimos. Condição que independe se o nosso momento está sendo de encontros ou desencontros, pois haverá sempre um movimento de Deus para nos aproximar de gente que um dia já esteve perto. E sobre isso quero fazer algumas afirmações.
Primeira afirmação: Esteja disposto a fazer o caminho da restauração. As duas palavras que Paulo utiliza ao se referir a Marcos são significativas. A primeira, “acolhei-o”, nos traz a ideia de não recusar relacionamentos, tornar-se amigo, ter o outro como parte da família, dar ouvidos, abraçar, jamais rejeitar. Também significa que a igreja deveria dar suporte a Marcos, sustentá-lo se necessário, e carregá-lo se as forças lhe acabassem. Já na carta a Timóteo, de dentro da prisão, encerrando a carreira, a segunda palavra que usa para definir o seu amigo para o ministério é “útil”. Como é bom ver que no final da vida de Paulo sua conclusão sobre Marcos era de alguém manejável, fácil de levar e agradável. Nada como um dia após o outro para reconhecer que as pessoas não são tão complicadas como imaginamos.
Segunda afirmação: Seja útil para alguém. Nos primeiros artigos sobre a vida de Marcos, falei da necessidade de termos pessoas com mais experiência acreditando em gente com menos experiência. Neste ponto, estou falando da necessidade da mutualidade da relação, onde alguém experiente acredita no mais jovem e o mais jovem perceba a necessidade de ser útil para o mais experiente.
Terceira afirmação: O jovem líder deve construir a sua nova realidade ministerial em cima de bases sólidas existentes. Deve-se ter o cuidado nas situações em que se têm perspectivas de ministérios novos começando sem a preocupação de absorver o que já existe de melhor nas suas bases existentes. Muitas vezes, nós confundimos as realidades novas e não damos a devida importância à história séria de estudo das Escrituras, feita por homens comprometidos, e desconsideramos o investimento de vida realizado pelos séculos da história cristã. Tentar erguer algo novo, sem considerar essas bases sólidas, é colocar todo o projeto em risco. Estou afirmando que o melhor caminho para uma jornada ministerial eficaz está em desejar algo novo, mas temperando isso com a experiência de gente que levou Deus a sério antes de nós. Precisamos erguer nosso trabalho em cima de realidades sólidas, construí-las em cima de boas doutrinas, com fundamentação bíblica e na certeza de que tudo isso coopera para o nosso bem.
Peçamos a Deus que nos dê a graça de sempre fazer e restaurar os relacionamentos pelo caminho; que sejamos úteis para as pessoas à nossa volta; que nossa vocação produza novidade de vida, sem desconsiderar as bases, fundamentos sólidos onde estamos firmados. Amém!