Em entrevista à Sepal, Ivanice Cardoso, advogada especialista em Direito da Imagem, fala sobre os cuidados que devem ser tomados no acesso às plataformas virtuais e sugere que o tema seja abordado nas congregações
Por Cleiton Oliveira
A Internet veio para ficar! Ela revolucionou a comunicação e a forma de consumir e produzir conteúdo informativo. Prática e altamente útil, encurtou fronteiras e viabilizou a interlocução entre pessoas nas diferentes partes do globo. Prova disso é que até dezembro de 2018 já era estimado que 3,9 bilhões de usuários teriam acesso à rede mundial de computadores, o número representa 51.2% da população mundial. Tal estatística foi divulgada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), organização ligada às Nações Unidas.
Nem tudo são flores no mundo virtual
Embora seja uma excelente ferramenta para o dia a dia, seja para o trabalho ou entretenimento, nem tudo são flores no mundo virtual. Segundo os Indicadores da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, publicado no site da SaferNet Brasil, associação que atua na promoção e defesa dos Direitos Humanos na Internet no país, em um período de 13 anos foram registradas mais de 4 milhões de denúncias, ultrapassando o marco de 750 mil páginas distintas, das quais mais de 252 mil foram removidas; a apuração é de maio de 2019. Na lista constam conteúdos relacionados ao tráfico de pessoas, pornografia infantil, apologia e incitação a crimes contra a vida, racismo, entre outros.
Em entrevista à Sepal, Ivanice Cardoso, advogada, fundadora do Digital+Legal e preletora convidada do Encontro 2019, falou sobre a importância do uso consciente das plataformas online. Especialista em Direito da Imagem e consultora sobre o Uso Ético e Seguro de Mídias Sociais, Ivanice faz um alerta para que haja prudência ao navegar em um ambiente compartilhado por milhões de pessoas: “Quando acessamos a Internet, já não estamos sozinhos, mas conectados com quase 4 bilhões de usuários, nem sempre bem-intencionados. Devemos ter a noção de que um conteúdo veiculado na Internet pode se ‘eternizar’, já que pode ser replicado. Sendo assim, cada um deve avaliar o que posta e escreve. Fotos ou afirmações indevidas, por exemplo, podem trazer consequências negativas a uma pessoa a longo prazo. Usar a Internet exige responsabilidade e ética”, elucida.
Ambiente potencialmente perigoso
Conforme aponta, o ambiente online é potencialmente perigoso para quem o acessa de forma ingênua ou não tem idade suficiente para entender os riscos que o meio oferece. Não são poucos os casos de usuários desprevenidos que foram alvos de crimes como roubo de dados e imagens, invasão de privacidade, exposição da intimidade, chantagem sexual e cyberbullying. Dentre as aterradoras ocorrências, Ivanice chama a atenção dos pais para os casos em que fotos ou vídeos de crianças, por exemplo, passam por edição e são veiculados em redes de pedofilia. Ela também esclarece que os pequeninos são altamente vulneráveis na Internet. Por esse motivo, o acesso deles ser acompanhado pelos pais e a navegação em algumas plataformas deve ser rigorosamente evitada.
Pelo fato de a Internet fazer parte do cotidiano de parcela considerável da população, sobretudo entre as pessoas que vivem nas grandes cidades, Ivanice defende a ideia de que o cuidado ao acessá-la deve ser pauta nas igrejas. Nesse contexto, pastores e líderes precisam conhecer as boas práticas de uso da tecnologia e orientar os membros quanto às formas seguras de navegação e conduta no meio digital. Essa postura por parte das lideranças é extremamente benéfica, já que pode evitar que membros da congregação sejam vítimas ou promovam algum tipo de conteúdo impróprio.
Procedimentos de segurança
Dentre os procedimentos de segurança, ela sugere que os usuários façam atualizações, instalem antivírus, criem senhas inteligentes para aparelhos e aplicativos e protejam sempre a sua imagem e a de sua casa e família. Por último, sinaliza a importância de extrair o melhor desses recursos, sem se deixar manipular: “Use a Internet — e a tecnologia — com inteligência. Não se permita ser controlado, mas aproveite todos os seus benefícios de forma segura e que seja edificante para você e para os outros”.
Imagem: Pixabay