Fundador e presidente do ministério Family Foundations International (FFI) fala sobre os desafios relacionados à vivência e à partilha da fé cristã em meio à dinâmica do século 21

De que maneira a pós-modernidade tem influenciado a sociedade? Como o cristão deve se portar em um mundo que parece se distanciar dos padrões estabelecidos na Palavra de Deus? O que os pais precisam ter em mente para proteger seus filhos do que é nocivo e criar famílias fortes e saudáveis nesse tempo? No intuito de encontrar respostas para essas e outras perguntas, conversamos com Craig Hill, preletor confirmado do Encontro Sepal 2019.

Em entrevista exclusiva à Sepal, Craig compartilha seu amplo conhecimento em anos de trabalho dedicado à edificação de casais e famílias. Pastor, autor de livros, fundador e presidente do ministério Family Foundations International (FFI), é coordenador dos seminários Veredas Antigas e dos cursos Romance à maneira de Deus e Aliança, amor incondicional, realizados em mais de 32 países. No bate-papo, o pastor elucida informações importantes para os pais, pastores e líderes que desejam lidar de maneira efetiva e bíblica com os desafios da atualidade, fala dos perigos do relativismo, expõe dados alarmantes acerca do que tem causado a evasão de jovens das igrejas e deixa uma mensagem aos leitores. Acompanhe a primeira parte deste conteúdo especial e prepare-se para o Encontro Sepal 2019!

Sepal: Afinal, o que é pós-modernidade? De que forma ela dinamiza hoje com as questões relacionadas à família, à fé e ao comportamento das pessoas?

Craig Hill: Em minha opinião, pós-modernidade, mais do que qualquer outra coisa, é acolher o relativismo. Quando os limites de proteção que Deus deu à sociedade, por meio da Bíblia, são removidos, as famílias, a fé e o comportamento das pessoas são afetados. Quando isso acontece, nós abrimos as portas para a destruição em todas as áreas. Infelizmente, vemos essa triste realidade acontecendo em nossos dias.

Jesus disse em Mateus 7.13-14: “Entrem pela porta estreita. A estrada que conduz à destruição é ampla, e larga é sua porta, e muitos escolhem esse caminho. Mas a porta para a vida é estreita, e o caminho é difícil, e são poucos os que o encontram.” O que é uma porta? Uma porta é um limite de proteção! O que a pós-modernidade faz é remover esses limites: o limite de proteção do casamento, o limite de proteção da sexualidade e de cada área da vida. Eu vejo que, em geral, a pós-modernidade tem removido da sociedade três coisas: a Bíblia; os limites de proteção, como os citados acima, e a lógica, em muitos casos. As pessoas não têm sido lógicas em grande parte da sociedade moderna.

Como o cristão deve enxergá-la e agir nesse contexto? 

A primeira atitude a tomar é certificar-nos de que abraçamos a Bíblia como nosso padrão de comportamento e doutrina. A segunda atitude é fazer com que nossa família e comunidade restabeleça os limites de proteção orientados pelo próprio Deus da Bíblia, porque uma cidade sem muros está aberta para todo tipo de inimigo vir destrui-la. Quando não temos limites de proteção fundamentados na Palavra, os relacionamentos, as famílias e as gerações são destruídos. Com Mateus 7.13-14 podemos aprender que, quando movemos a porta que deveria nos proteger, tal atitude nos levará à destruição.

É importante o cristão aprender a separar comportamento e identidade no contexto da relação com os outros. O que isso significa é que nós podemos amar e aceitar todos, mas não necessariamente aceitar o comportamento reprovável. Podemos ver pessoas que estão fazendo coisas erradas, que são absolutamente contrárias à Bíblia, e amá-las. Ter isso em mente é fundamental.

Embora haja tanta informação e conectividade, os avanços da pós-modernidade parecem não suprir as carências do ser humano. Os índices de suicídio, por exemplo, são alarmantes em escala global. De que forma a fé cristã pode responder aos anseios da humanidade e oferecer-lhe um caminho de esperança e contentamento?

O que podemos perceber é que derrubar os limites de proteção que Deus colocou na sociedade leva à destruição de uma geração para a outra. De fato, os índices de suicídio têm crescido. Quando famílias são destruídas e, particularmente, quando a figura paterna é removida de casa, cria-se crise em uma geração, e tal crise é passada para as próximas. Recentemente, li o livro The boy crisis, escrito por Warren Farrel e John Gray. Na obra, os autores descrevem que nos Estados Unidos e ao redor do mundo há uma crise entre garotos jovens. A causa do problema é justamente a carência da figura paterna. A falta do pai em uma família está produzindo muitos problemas na sociedade, como: baixo rendimento escolar, evasão da vida estudantil, desemprego, suicídio, vício em drogas, aumento no número de moradores de rua, bullying, agressão, crimes violentos, estupro, perda da confiança nas pessoas, perda da habilidade nos relacionamentos. Em muitos casos, esses são frutos de uma mentalidade pós-moderna que tem causado a falta da figura paterna nos lares.

Nesse contexto, devemos ser modelos de famílias e casamentos saudáveis que produzem filhos fortes, que possuem uma identidade forte, com um forte senso de destino. Isso se torna atrativo para o mundo à nossa volta e dá esperança às pessoas.

Especialmente nas sociedades ocidentais, vemos a crescente relativização de valores e a adoção de condutas que não estão de acordo com a fé bíblica. Qual é o perigo que há por trás disso?

O perigo é o de destruir gerações, é o de acabar com a motivação e o senso de identidade, valor, propósito e destino das pessoas. Como consequência disso, muitos indivíduos perdem a motivação de seguir em frente, em seu interior não se sentem dignos e buscam de alguma forma adquirir senso de valor. O perigo de uma conduta que não está de acordo com a fé bíblica é que o mal cresce na sociedade, como o suicídio, a criminalidade, a corrupção, os assassinatos, os estupros, entre outros problemas.

Como a Igreja pode, então, manter-se relevante e ativa para dialogar com um mundo que carece de direção e discernimento?

Eu acredito que é envolvendo a comunidade com cursos, materiais e conteúdos relevantes, com coisas que lhe dará uma direção, um propósito e um caminho para ir adiante; algo que estabeleça no coração das pessoas um forte senso de identidade e destino. A organização em que trabalho, a Universidade da Família, tem alguns dos melhores cursos que eu conheço que podem impactar a sociedade e dar-lhe esperança e direção em um mundo que carece de discernimento. •

Fique por dentro!

Clique aqui e veja a segunda parte da entrevista exclusiva em Craig Hill. Nela, o pastor aborda as causas que levam os jovens a deixar a vivência com a comunidade de fé e compartilha diversos insights com os pais, mães, pastores e líderes no que diz à edificação do lar. Imperdível!

Para ler a segunda parte deste conteúdo exclusivo, clique aqui.