Considerada como uma das ferramentas essenciais das relações saudáveis e produtivas entre pessoas, no trabalho e ministério, o feedback é um importante recurso para potencializar projetos e sonhos da liderança. A partir da experiência do Pr. Jess Fox, que integra o ministério de artes da igreja americana Oaks Church, na cidade de Read Oak, no Texas, entenda a importância de estar aberto a ouvir sua equipe.

Se você já sofreu algum corte profundo e precisou levar pontos, sabe que é preciso unir os dois lados da ferida cuidadosamente para que fiquem perfeitamente unidas. O mesmo princípio é válido quando se trata de obter feedback real junto aos seus liderados.

Observando o feedback existente

A Igreja Oaks é uma organização grande e complexa, com uma equipe de quase 200 pessoas. Quando entrei para a equipe, nunca havia trabalhado em uma igreja ou organização com mais de 20 pessoas. Como alguém que é recém-chegado, observar ativamente e fazer perguntas, era para mim, a maneira mais eficaz de aprender as coisas rapidamente. Observando Kevin Co, um dos pastores que acompanhei e que lidera o ministério de artes, membro da equipe há doze anos, percebi rapidamente que ele é um dos líderes mais respeitados em nossa igreja.

Algo que observei e que se destacava para mim, era quando Kelvin pedia feedback. As respostas que ele costumava receber eram “certas” ou “seguras”, em contraste com o que era discutido sobre o mesmo tópico no “bebedouro”.

Como os líderes podem tomar decisões corretas se as respostas que obtêm não refletem completamente a realidade da situação, mas são apenas o que querem ouvir?

Estar aberto a críticas

Há alguns meses, depois de começar a trabalhar como pastor associado no ministério de artes, durante uma conversa descontraída sobre uma iniciativa que rapidamente se tornou séria, Kelvin, que tem 20 anos de experiência a mais do que eu, me perguntou com firmeza: “Você está me dizendo que eu estou errado?”

Eu me atrapalhei com as palavras. Ele repetiu a pergunta, forçando-me a suspirar humildemente: “Sim”. Kelvin se animou: “Tudo bem, eu estou errado!” Fiquei surpreso e aliviado, especialmente quando percebi que sua abertura para o que falei vinha do desejo de reconhecer e ser capaz de agir de acordo com a verdade.

À medida que Kelvin e eu continuamos trabalhando e liderando juntos, descobrimos que quanto mais você lidera, mais distante de se obter feedback verdadeiro parece ficar. É mais difícil preencher a lacuna entre o que os líderes pensam que está acontecendo e o que realmente acontece. Com essa revelação, Kelvin e eu decidimos liderar melhor, encontrando maneiras de fechar a lacuna existente no feedback verdadeiro.

Fechando a lacuna

Provérbios 3: 5 nos diz para “não confiarmos em nosso próprio entendimento”. No contexto, este versículo é sobre fé, mas também é um passo fundamental para os líderes preencherem a lacuna no feedback. Qualquer líder experiente irá liderar a partir de seu “entendimento”, ou viés. Eles devem retirar seus fracassos, sucessos e lições aprendidas. Kelvin é um líder muito forte, com vasta experiência e que pode facilmente encontrar soluções e ser rápido na tomada de decisões. Embora esse seja um dos seus pontos fortes, inibe o feedback real, tende a formular perguntas que provavelmente serão direcionadas para o resultado que ele quer. Como sua mente se move rapidamente para uma solução, ouvirá o que deseja para apoiá-la. O primeiro passo que deveríamos tomar para diminuir esse problema seria formular perguntas imparciais e abertas.

Também aprendemos que o feedback é um esforço colaborativo entre líder e seguidor, exigindo que ambas as partes se submetam ao processo. Kelvin não conseguia fechar essa lacuna sozinho. Nossa equipe precisava se sentir confortável em chegar à mesa e dar suas opiniões honestas, mesmo que não se sentissem “certos” ou “seguros”. Precisávamos fornecer uma plataforma para que o feedback real entre Kelvin e a equipe fosse compartilhado e recebido.

A solução

Marcamos uma reunião externa de meio período, agora conhecida como “feedback Tuesday” com o objetivo principal de ouvir o que nossa equipe pensava, sentia e tinha a dizer. Fizemos perguntas fáceis, como por exemplo:  “Como você se sente em relação ao Bunco? (um jogo utilizado nas  reuniões) e “O que  frustra você em relação ao  trabalho que desempenha?”

Era estratégico para Kelvin, como chefe do departamento estar presente e se posicionar de maneira não ameaçadora ou dominante. Eu facilitei a conversa para ajudar a neutralizar o fator intimidação ao falar diretamente com o chefe. Kelvin portou-se de modo a receber feedbacks sem se qualificar, explicar ou dar desculpas. A resposta não verbal de Kelvin foi igualmente importante. Ele não fez “beicinho”, mostrou desleixo ou expressou qualquer sinal de ofensa, mesmo com os pensamentos mais críticos e reveladores compartilhados. A maneira como a equipe estava sentindo sua postura nas respostas era muito evidente. Quanto mais viam a receptividade de Kelvin, mais honestos eram.

Deixamos o “feedback Tuesday” com uma lista robusta dos pontos problemáticos, frustrações e ideias de nossa equipe. A postura rendida de Kelvin ao ouvir todos nos permitiu obter informações valiosas. A lista nos revelou o escopo e a escala das feridas.

O fio necessário para fechar as feridas era honrar sua honestidade e fornecer mudanças substanciais prontamente. Fomos trabalhando a lista e lançamos nosso plano de ação na semana seguinte. Provamos à nossa equipe que, se eles estivessem vulneráveis ​​ao feedback, não apenas ouviríamos, agiríamos.

Construindo uma cultura de feedback saudável

A parte mais difícil dos pontos que ganhamos quando fechamos algum corte na pele é que você deseja que tudo volte ao normal logo após o procedimento. Mas as feridas precisam de tempo para se curar. Negligenciar os cuidados adequados forçará o corte a reabrir e ser infectado. Ter uma cultura de feedback saudável leva tempo e exige atenção especial. Ao atuar em conversas duras, perguntas imparciais, ouvir ou postular para receber, vimos nossa lacuna no feedback começar a diminuir. Houve um aumento notável na unidade, colaboração e adesão dentro da equipe do ministério de artes da Oaks. Para mantermos o curso de não apenas curar a ferida, mas fortalecer o corpo, devemos ser diligentes em manter as brechas no feedback autentico fechadas.


Autor: Jess Fox
Adaptado de Church Marketing Sucks