Saiba mais sobre a curiosa investigação que pode servir de excelente pano de fundo para debates, sermões e estudos sobre a importância do perdão
Por Cleiton Oliveira
Deus quer o bem do ser humano. Isso é fato. Sua Palavra, a Bíblia, está repleta de mandamentos que resultam em paz, harmonia, justiça e vida. Obedecer ao Senhor, conforme sua vontade revelada nas Escrituras, é o caminho certo a ser trilhado por todos que desejam seguir a jornada com plenitude e evitar decisões equivocadas que levam à ruina.
Dentre tantos princípios valiosos, a Palavra de Deus deixa evidente a importância do perdão. O próprio Jesus, nosso Salvador e maior modelo de conduta, destacou o papel fundamental desse ato na vivência da fé (Mt 6.14-15). Ao ser crucificado, ele deixou à humanidade um exemplo inspirador ao interceder por aqueles que o afligiam. Ele orou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lc 23.34, NVI). Perdoar faz bem e agrada a Deus.
O ato de perdoar: um “aliado” para o coração
Curiosamente, uma pesquisa brasileira recém-divulgada teve como objeto de estudo a prática do perdão. Os resultados da investigação foram apresentados no 40º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e apontaram a relação entre a dificuldade de perdoar e a ocorrência de enfarte. Entre 130 pacientes avaliados, quem tinha dificuldade para desculpar desenvolveu mais doenças cardíacas. A pesquisa foi realizada por Suzana Avezum, psicanalista com 36 anos de carreira, como atividade de seu mestrado na Universidade Santo Amaro (SP).
Durante os estudos, Suzana também se debruçou sobre os efeitos da espiritualidade e da religiosidade. O expressivo marco de 31% dos pacientes enfartados era composto justamente por quem afirmou ter tido perda significativa da fé. O índice de ocorrências entre os que declararam algum tipo de espiritualidade foi de apenas 9%. A pesquisadora não avaliou nenhuma religião específica.
A importância do perdão na vivência da fé cristã
Ao comentar sobre os resultados da pesquisa, Maurício Zágari, jornalista, teólogo e autor dos livros Perdão total, Perdão total no casamento e Perdão total na Igreja (Editora Mundo Cristão), citou a relação entre o perdão e a fé cristã. De acordo com o autor, a investigação sublinha uma profunda realidade espiritual. “Quando não fazemos o que Deus nos orienta, há consequências. Nem sempre são consequências físicas, mas, neste caso, a falta de perdão é algo tão terrível que até o corpo sofre”. Conforme aponta, ninguém deve perdoar para não enfartar, mas, sim, porque, ao fazê-lo, vive a essência da divindade. Dessa forma, assim como Deus nos perdoou em Cristo, devemos perdoar uns aos outros (Ef 4.32). “Não é uma questão de saúde física, mas espiritual. O físico é meramente uma consequência”, diz.
Para Zágari, perdoar é replicar a natureza divina, e ninguém jamais poderá se assemelhar a Cristo se não for perdoador. Além dos benefícios elucidados no estudo em questão, ele menciona outros frutos do perdão na vida de quem o pratica: “Em âmbito individual, perdoar traz leveza à alma, paz ao coração e cura espiritual e emocional. Além disso, Jesus disse em duas ocasiões que a pessoa que não perdoa o próximo não tem seus pecados perdoados por Deus, o que é grave. Em âmbito coletivo, perdão promove reconciliação, restauração e reparação. Põe fim a culpas e ressentimentos. E, com tudo isso, nos aproxima mais de Deus”.
“Perdoar traz leveza à alma, paz ao coração e cura espiritual e emocional.”
Maurício Zágari, autor da série de livros “Perdão total”.
Ziel Machado, vice-reitor do Seminário Servo de Cristo e pastor na Igreja Metodista Livre – Nikkei (SP), também comentou sobre os resultados da pesquisa de Suzana Avezum. Para ele, o estudo elucida a condição humana que todos têm. Segundo Ziel, até mesmo líderes ministeriais precisam estar atentos às suas emoções e buscar ajuda diante de dilemas como a falta de perdão. Nesse sentido, chama atenção para a importância das relações significativas, onde haja cuidado mútuo e liberdade para conversar de forma honesta sobre os temas difíceis da vida e do ministério. Ziel também sinaliza o saudável hábito de confessar a Deus as falhas, o papel fundamental do pastoreamento e a constante comunhão com o Espírito Santo.
Fale sobre “perdão”!
De fato, as conclusões do estudo de Suzana Avezum sugerem uma importante reflexão a ser abordada na igreja. Falar em perdão é falar em saúde, seja física, emocional ou espiritual. Sem dúvidas, a interessante pesquisa serve de mote para conversas, estudos bíblicos e sermões, além de ser uma prova inspiradora de que perdoar pode ser um “santo remédio”! •
Para ler o texto completo da pesquisa de Suzana Avezum, clique aqui.
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