Há um aroma enchendo o ar com uma fragrância que agrada a Deus: Uma igreja está cuidando dos discípulos de Jesus. Em Filipenses 4.10-20, Paulo menciona que Epafrodito fora enviado pela Igreja de Filipos para assisti-lo em suas necessidades. Epafrodito representa cuidado, acolhimento e companheirismo a Paulo em seus dias de angústia e solidão na prisão. A igreja de Filipos cuida de Paulo por meio de Epafrodito. Esta igreja nasceu na casa de Lidia, uma mulher comerciante de Filipos, a partir do trabalho missionário de Paulo, conforme At. 16.11-15. Lidia, uma mulher acolhedora, convida Paulo e os demais para ficar na sua casa. Começa uma igreja, começa um relacionamento de cuidado!
O cuidado é recíproco entre Paulo e a igreja de Filipos. A igreja envia donativos por meio de Epafrodito, e Paulo, por meio da sua carta, exorta a igreja à unidade frente as adversidades que ela está enfrentando. Paulo escreveu a igreja de Filipos: “… vocês me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade.” (Fp 4.14). Bendita necessidade!
Deus criou Adão com necessidades. Gênesis 2.18 diz que “não é bom que o homem esteja só”. Bendita necessidade! Em Lc 15.15-16, o filho gastador começou a passar necessidade e “caindo em si” deseja voltar à Casa do Pai. Bendita necessidade!
Bendita ou maldita necessidade?
Reconhecer as nossas necessidades e pedir ajuda pode ser visto como algo ruim, que nos desqualifica ou expõe, pois vivemos cercados de uma cultura onde se privilegia o fazer sozinho, sem precisar ajuda de ninguém.
Quando percebemos nossas necessidades e que precisamos de ajuda, nos conectamos com nossos espaços de vulnerabilidade e fragilidade e assim experimentamos ajuda por meio de relacionamentos de cuidado com outras pessoas. Deus nos criou com necessidades que, sozinhos não conseguiremos suprir. Necessidades como amor e provisão de Deus, o amor de outras pessoas e necessidades físicas. No entanto, resistimos em admitir que não podemos viver sozinhos e não temos tudo que precisamos.
Satanás disse que ergueria seu “trono acima das estrelas de Deus” (Is 14.13). Ele odiava depender de Deus. Ao construir a torre de Babel, os homens declaram sua autossuficiência (Gn 11.14). A igreja de Laodicéia fingia que não tinha nenhuma necessidade e foi confrontada por isso: “Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada.” (Ap 3.17a).
Não reconhecer e aceitar nossas necessidades nos impede que experimentemos nossa pobreza. Nossas necessidades são um presente de Deus para que nos relacionemos com Ele e com as pessoas. As nossas necessidades são a cura para nossa autossuficiência.
Como pastores, pastoras e lideres nos colocamos facilmente a disposição para cuidar de pessoas e suas necessidades, esquecendo-nos de nossas próprias necessidades. Por causa de uma super dedicação ao cuidado de outros, muitos lideres têm pouca energia e criatividade para uma vida pessoal satisfatória. Assim, não se atentando para suas próprias necessidades, tornam-se vulneráveis a doenças físicas e psíquicas, como a Síndrome de Bournout.
O problema é que costumamos achar que, mesmo com a agenda cheia e no limite de nossas forças, damos conta de um pouco mais e que isso é um aspecto positivo de nosso caráter.
O personagem Thidwick, na história infantil Thidwick, The Big-Hearted Moose, é descrito como sendo super bondoso e por sua bondade sem limites se sobrecarrega para poder ajudar outros. Thidwick possuía um ótimo conjunto de chifres e, querendo ajudar, permitiu que um pequeno inseto pegasse carona neles. No entanto, o inseto depois convidou uma aranha e depois um pássaro e Thidwick concordou, embora ele não gostasse muito, concordou porque ele era uma pessoa boa. E foi tolerando a chegada de outro pássaro, depois veio uma família de esquilos, um gato e outros animais. Até que se tornaram tão pesados que ele, simplesmente caiu. (Seus, 1948/1962).
Nossas necessidades podem facilmente ser negligenciadas pois, como líderes, temos muitas responsabilidades que se não forem bem gerenciadas podem se tornar uma sobrecarga excessiva. Facilmente nos responsabilizamos alem de nossos limites causando um desgaste inevitável. Lamentavelmente esta tem sido a realidade de muitas esposas de pastor. Elas como líderes, geralmente são pressionadas a atender ministerialmente as expectativas da igreja local, do seu esposo pastor ou suas próprias, e com isso se perdem num emaranhado de atividades que as sobrecarregam, sem sentido de realização pessoal. Uma esposa de pastor precisa de outra esposa de pastor para lhe ajudar a lidar com estas demandas, permanecendo saudável nos seus relacionamentos.
Quais necessidades pessoais você tem negligenciado em sua vida? Cuidar e ser cuidado! Há um aroma agradável a Deus no ar, diz Paulo. Suas necessidades estão sendo cuidadas pelos irmãos da igreja de Filipo. Bendita necessidade! Sozinhos Não!