“Ninguém sabe completamente o segredo do coração…”
Recorda-se dos filmes sobre casas mal-assombradas? Você sente a tensão quando o casal ingênuo pisa numa tábua podre da sacada ou encontra a porta entreaberta sem receio do que encontrará do lado de dentro, seguindo em meio às teias de aranhas, salas cheias de quadros assustadores, passagens secretas, fundos falsos e alçapões, armaduras enferrujadas, panos empoeirados, morcegos, sussuros e vozes assustadoras.
Enquanto o pulso está acelerado e a respiração curta, alguma coisa horrível, mortal, demoníaca, prepara-se para pular, lançar-se da janela, ou jogar-para fora do armário antigo ou através do buraco na parede. Pior ainda é quando eles decidem verificar o que se encontra na escuridão do porão, entre as caixas do sótão ou dentro de algum laboratório abandonado. Como nossos heróis são tolos, pensamos! Eles não sabem que se abrirem a porta a criatura irá atacá-los, mordê-los, chupar seu sangue? Corram, se puderem!
Jeremias chama o coração de enganoso (tortuoso) mais do que todas as coisas, e perverso (incurável e iníquo); quem o poderá conhecer? Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações (Jr. 17:9, 10). Imagine-se dentro de um labirinto: suas muitas entradas e saídas, encontros e desencontros. Esse é o significado da palavra hebraica usada pelo profeta.
Ninguém sabe completamente o segredo do coração. Você facilmente admitirá que não conhece inteiramente o coração de sua esposa (o), de seus filhos e das pessoas mais íntimas e amigas. Admita também que não tem o total controle do seu coração. Gandhi dizia que para aquele que consegue controlar o próprio pensamento, tudo o mais na vida se torna um jogo de criança. Não encontrei ninguém que pudesse fazer isso completamente.
Na verdada, só Deus pode encontrar a saída do labirinto do coração. Os super computadores não conseguem decifrar seu genoma. Não compreendemos o nosso eu. Porque sempre curtimos aquela música, sentamos naquela cadeira, gostamos daquele doce de leite ou escolhemos o sorvete de flocos? Por que num dia o nosso sangue está tão quente e a energia tão elevada enquanto noutro dia nos sentimos desanimados, infelizes e infrutíferos como um galho seco? Você poderia enumerar todos os eventos e imagens que impressionam o seu coração e fazem com que ele se incline para esta ou aquela direção? Nunca foi surpreendido pela sua falta de sinceridade e até mesmo pela insatisfação, medo, ansiedade, ressentimento e raiva acumulada? Ou quantas vezes, como um imperadorzinho neurótico, você tentou controlar, manipular, comandar as pessoas mais próximas, autojustificando-se, insistindo que não tem culpa de nada e tem razão em quase tudo? O coração quer o que quer. É isso mesmo: o coração é complicado, indecifrável e insondável. Somente o Espírito de Deus pode solucionar suas equações matemáticas mais complexas.
Não escape do seu próprio eu, mas enfrente-o honestamente. O pecado costumava ser visto como a sombra, as trevas, a escuridão que nos acompanha o tempo todo. Quanto mais as trevas do autoconhecimento se aprofundarem em nós, mais a verdade divina brilhará. É no solo do quebrantamento – quando mantemos a alma em constante estado de luto e humilhação – que a graça prospera e floresce. Embora desprezada pela humanidade, essa é uma das partes mais necessárias na busca da sabedoria. Nas palavras de Albert Einstein: “O verdadeiro valor de um ser humano é encontrado na medida em que ele atinge a libertação de si mesmo”.
O cristão é uma criatura que foi redimida. Louvado seja o Senhor por isso! Ele é um daqueles por quem Cristo se deu por fiador no pacto eterno da redenção; pagando suas dívidas; entregando Sua vida para livrá-lo da culpa do pecado. O cristão é uma criatura redimida-regenerada: uma nova pessoa em Cristo. Um novo princípio de vida foi implantado de tal forma que desejos novos, uma vontade diferente, propósitos e valores espirituais se estabelecem dentro dele. A regeneração faz do coração do homem um campo de batalha, como Paulo descreve sabiamente em Gl. 5:16-26, onde a carne (o velho homem) incansavelmente contesta a supremacia do espírito (o novo homem). Infectados pelo pecado, estamos agora sendo transformados pelo Espírito e libertos por Jesus. Agora vivemos livres também do poder do pecado. Redenção em Cristo é o coração da fé cristã. Amor a Cristo é o coração da devoção cristã.