No capítulo mencionado de 1 Samuel 25, Abigail, a Carmelita, esposa de Nabal, fazendeiro próspero de Carmelo, região montanhosa de Judá, destaca-se com duas habilidades: ganhar o coração e fazer colocações assertivas, que marcaram a vida do futuro rei de Israel. Possivelmente, por ser casada com um homem insensato, que tomava decisões impensadas e sentia prazer em provocar, Abigail precisou desenvolver essas virtudes por questão de sobrevivência, pois não é fácil para mulher alguma conviver com um homem que não pondera as palavras da sua boca e as decisões do seu coração.
Nabal faz perguntas de insensato: Quem é Davi? Quem é o filho de Jessé? Não seria ele mais um escravo foragido de seu senhor? Por que tomaria do que é meu para alimentar homens que não sei de onde vêm? Ora, Davi a essa altura era o cidadão mais famoso de Judá, seus serviços prestados a Israel eram mais notórios que os do rei Saul, isso ficou claro nas palavras de Abigail, ao destacar que Deus levantara Davi para suceder o rei Saul; então Nabal não era inocente, era mesmo sem ponderação alguma diante de problemas delicados.
Abigail percebeu a gravidade da situação, resolveu intervir para salvar sua casa, pois Davi, sentindo-se  insultado, subiu com quatrocentos homens armados à espada para exterminar da casa de Nabal todo o macho. Preparou as provisões e enviou ao exército errante de Davi, e de forma proativa foi ao seu encontro: desceu do jumento, inclinou-se ao pó, lançou-se aos seus pés e, com palavras sensatas, apaziguo-lhe o coração, anulando assim, o efeito do insulto. Abigail abriu a conversação confrontando a Davi sobre as consequências de suas escolhas.
Sua intervenção levou Davi a repensar sua decisão e livrou o futuro rei de Israel de pecados imperdoáveis: derramar sangue inocente e vingança com as próprias mãos. Davi exalta tamanha prudência de Abigail: “Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue e de que por minha própria mão me vingasse”. Seu trono não teve a marca do sangue de Nabal.
Nabal morre com o corpo rígido, assim como suas palavras e atitudes, rígidas, irrefletidas e insensatas e Abigail, por sua sensatez, torna-se esposa de Davi.
Mulheres que se destacam por sua moderação, respondem bem a pergunta de Provérbios 31.10: “Mulher virtuosa, quem a achará?”. Eu, Walter, mesmo não achei, Deus me deu de presente. Enquanto escrevo, volto ao tempo, vinte três anos, quando, diante de circunstâncias difíceis, um filho preso pelas drogas, ambiente de violência em casa, ameacei irado, por duas vezes, expulsá-lo de casa, então a voz sensata de minha esposa Bete, diante de um homem, o pastor da igreja e seu marido, fez a pergunta: “Você pode tomar essa decisão, então esse será o conselho que você dará às famílias da igreja, quando trouxerem os conflitos com seus filhos?” Tais palavras me fizeram retroceder. Por graça divina, Deus interveio e libertou das drogas meu filho e o pai dele da insensatez.
Que vejamos as mulheres como mentoras, não apenas para outras mulheres, mas também para homens, seus maridos e filhos. E que possam ser mentoreadas não apenas por outras mulheres, mas também por homens.
Texto de Ilaene Schuler e Walter da Mata


Walter da Mata
É bacharel em Teologia, pós graduado em Coach Ontológico, casado com Elizabete há 42 anos, pai de três filhos, avô de 4 netos, pastor há 29 anos da Assembleia de Deus Manancial em Sobradinho -DF e Missionário SEPAL.
Ilaene Schüler
Missionária Sepal, graduada em Teologia com especialização em Missão Urbana, acadêmica em Análise Transacional. Exerceu ministério pastoral e atualmente coordena o ministério Mulheres Mentoras, visando mobilizar e capacitar mulheres líderes para o pastoreio mútuo e mentoria. É casada com Daniel Vargas.