“Acho que vale a pena dizer isso para o meu coração no final de mais um ano”
Estamos chegando ao final de mais um ano, é muito comum neste período as pessoas refletirem sobre o ano que passou, avaliar algumas decisões, rever alguns caminhos que foram feitos, sempre olhando para o passado na perspectiva de preparar um futuro melhor.
Como líderes, devemos lidar com cuidado sobre isso em nosso coração, a nossa avaliação dever ter a finalidade de afirmar o que vamos continuar vivendo da forma que vivemos até hoje. Se há de fato em nós os conteúdos, valores do evangelho do Reino, não há porque ficarmos repensando em nosso caminho na perspectiva de mudar. Na realidade, aqueles que mudam o posicionamento o tempo todo é porque podem não estar no Caminho.
Ontem ouvi uma frase de Friedrich Nietzsche que dizia o seguinte: “Sei muito bem o que não quero me tornar”. Ao ouvir isso, sendo um jovem pastor, pensei que é este o tipo de frase que a nova geração de pastores deve ter a coragem de dizer: “Sei muito bem o que não quero me tornar”.
Pensando nessa frase gostaria de colocar algumas considerações sobre aquilo que não quero me tornar, acho que vale a pena dizer isso para o meu coração no final de mais um ano.
Não quero me tornar o tipo de líder que se distanciou de Jesus Cristo, da boa notícia que ele ensinou, que se afastou da graça transformadora, da centralidade da cruz. Não quero me tornar o tipo de gente que exerce disciplinas espirituais baseado na barganha; que esqueceu que o centro da espiritualidade cristã se baseia no amor a Deus e ao próximo. Não quero me tornar um líder narcisista, apaixonado por títulos e reconhecimentos humanos; não quero me tornar, pastor, bispo, reverendo, apóstolo. Quero apenas ser um servo bom e fiel, sabendo que isso só é possível através da graça, fora isso tudo é vaidade.
Não quero me tornar um líder que é sufocado pela tirania do crescimento, disposto a fazer o que dá certo. Mais do que crescer, devemos ser uma igreja que aparece, sendo sal da terra e luz do mundo. Não quero me tornar um líder que se cala diante das injustiças, que está apaixonado pelo poder, vendendo a si e as ovelhas.
Não quero ser um líder que traz respostas para perguntas que ninguém anda fazendo; que gasta toda sua energia em assuntos que não mudam em nada a vida das pessoas; que faz do seu ministério um espaço onde a preocupação é a manutenção do seu gueto denominacional.
Assim, decidi fazer a minha avaliação, os meus planos e sonhos de maneira diferente, não mais pensar no que quero ser e fazer, mas, pensar no que eu não quero me tornar, porque antes de desejar ser algo, preciso decidir não ser muitas coisas.