Saiba mais sobre os riscos que o estresse crônico pode causar e formas para evitar esse mal

Por Cleiton Oliveira

Diante de tantas demandas no dia a dia, muitos pastores e líderes acabam adotando um estilo de vida frenético e altamente prejudicial. As necessidades da comunidade, as atividades inerentes ao ensino e à pregação, as exigências da vida familiar e os imprevistos do cotidiano podem fazer com que a agenda se torne uma fonte de angústia.

É nesse contexto que a chamada Síndrome de Burnout pode acontecer. O termo vem do inglês “burn” (queima) e “out” (exterior) e indica um estado de exaustão extrema, esgotamento físico e emocional e estresse crônico que é causado por situações desgastantes no trabalho. O distúrbio psíquico foi descrito por Herbert J. Freudenberger, um médico norte-americano, em 1974.

O burnout se manifesta especialmente em profissionais cujo oficio exige envolvimento interpessoal direto e intenso, trabalho sob pressão e constante responsabilidade. Ele ainda pode acontecer quando a pessoa se vê pautada para objetivos muito difíceis ou se sente inadequada em relação a determinada atividade.

De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas da síndrome envolvem nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como dor de cabeça, cansaço excessivo e tonturas¹.

Ao notar qualquer sinal, a pessoa acometida pelo burnout deve procurar ajuda de profissionais, como psicólogos e psiquiatras. O contato com amigos, parentes e mentores pode ser benéfico na identificação do problema. Dentre as recomendações médicas estão medidas como a prática de atividade física, o investimento em momentos de lazer e a adoção de novos hábitos. Clique aqui para saber mais sobre os sintomas e o tratamento do burnout.

Descanso e equilíbrio para um trabalho excelente

Em sua famosa obra Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes (BestSeller), Stephen R. Covey elucida a importância do tempo dedicado à renovação. No capítulo intitulado “Afine o instrumento – Princípios da autorrenovação equilibrada”, o autor narra uma ilustração interessante. Nela, conta-se sobre o ativismo de um lenhador que, na ânsia para cortar mais árvores, não parava para afiar a serra, o que impactava negativamente nos seus resultados. A breve história sugere o quão fundamental é avaliar a forma como empregamos nossos esforços. “Somos todos instrumentos para nosso próprio desempenho e, para atingir a eficácia, precisamos reconhecer a importância de dedicar algum tempo, com regularidade, para afiar a serra, ou afinar o instrumento”², diz.

Ao falar sobre o assunto em seu livro Aprenda a dizer não (Mundo Cristão), Greeg Cootsona, pastor da Igreja Presbiteriana Bidwell, em Chico, Califórnia, e ex-diretor do Centro de Estudos Cristãos, ligado à Igreja Presbiteriana da Quinta Avenida, em Nova York, afirma que “afiar a lâmina da serra tem tudo a ver com a renovação pessoal em termos físicos, mentais, espirituais e emocionais”. Mencionando o sábado — não como um dia específico, mas como o princípio bíblico do descanso — ele complementa: “Em certo sentido, o sábado é a antimalhação de nossa alma. Ao optar por não fazer nada, desenvolvemos a fabulosa capacidade de trabalhar melhor”3.

Zack Eswine, pastor da Riverside Church, ex-professor de Homilética e diretor do Doutorado em Ministério no Covenant Theological Seminary, traz um insight interessante em sua obra A depressão de Spurgeon (Fiel), na qual trata da luta do “Príncipe dos Pregadores” contra esse estado de aflição. Uma das sugestões compartilhadas é limitar o trabalho a algo que possamos fazer de modo saudável e dividir o dia em porções menores. Ele ainda acrescenta um trecho inspirador de um dos sermões de Charles Spurgeon: “A melhor coisa do mundo, quando você está nervoso e perturbado, é viver por períodos delimitadamente curtos (…) viver a cada dia, ou melhor ainda, viver momento a momento”4. Um conselho que aponta para a necessidade da atenção voltada à forma como conduzimos a vida. 

Empenhe-se para uma mudança positiva!

Ter uma rotina equilibrada é primordial para quem deseja evitar o esgotamento extremo. Por isso, ao assumir compromissos, sejam eles de qual natureza for, preste atenção à maneira como afetarão o seu dia a dia e, consequentemente, a sua saúde.

Como pastor e líder, o seu trabalho é essencial para a sua comunidade, mas ela precisa que você esteja bem, feliz e saudável no exercício da obra para a qual Deus o chamou. Reflita sobre a qualidade de seus dias, faça as mudanças necessárias e sempre que preciso diga “não”, pois isso será bom não apenas para você mas também às pessoas ao seu redor. •

Fontes:

¹MINISTÉRIO DA SAÚDE. Síndrome de Burnout: o que é, quais as causas, sintomas e como tratar. Disponível em <https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/sindrome-de-burnout> Acesso em: 12/11/2019

²COVEY, STEPHEN R. Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes. 39ª edição. Rio de Janeiro: BestSeller, 2010. P347,349. 

³COOTSONA, GREG. Aprenda a dizer não. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.p. 93.

4ESWINE, ZACK. A depressão de Spurgeon: esperança realista em meio à angústia. São José dos Campos, SP. Fiel, 2015.

Leia também:

Encontro Sepal 2020

Ato de perdoar pode estar relacionado com a diminuição dos riscos de enfarte

O fim da liderança

Fechando as lacunas do feedback